Integrantes da cúpula do PSB já veem como certa a saída do ministro Fernando Bezerra Coelho (Integração Nacional) do partido. O pernambucano vem sendo assediado pelo PT, com aval do governo federal, em uma estratégia para enfraquecer o governador Eduardo Campos (PSB), potencial candidato ao Planalto em 2014. Procurado, o ministro não quis se manifestar sobre o assunto. Em seu Estado, Bezerra já havia dado declarações no início do ano negando que deixaria o PSB.
Pelos planos do governo, o ministro ficaria na pasta da Integração até março e sairia candidato ao governo de Pernambuco pelo PT. O outro ministro do PSB, Leônidas Cristino (Portos), é afilhado dos irmãos Cid e Ciro Gomes, defensores convictos do apoio à reeleição da presidente Dilma Rousseff. Dessa forma, o governo ficaria com os dissidentes e, na prática, seria o Planalto quem abandonaria Campos, e não o contrário.
Dirigentes do PSB destacam que, apesar da parceria nos últimos anos, Bezerra é um político com histórico de infidelidade partidária, mas em aliança com o poder. Cacique político em Petrolina, ele já esteve no PDS, partido que dava suporte à ditadura militar, no PFL, no PMDB e no PPS como base do presidente Fernando Henrique Cardoso. Como pessebista, apoia os governos do PT.
Desconforto
A situação tem causado desconforto ao ministro da Integração. Ele deu várias declarações defendendo a continuidade da aliança entre PT e PSB, mas já foi informado de que essa hipótese é remota. O dilema de Bezerra é escolher entre duas hipóteses: ter ao seu lado Dilma e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ou o governador de seu Estado.
O ministro tem ouvido de aliados que, por mais forte que seja um apoio prometido pelas lideranças petistas, uma migração poderia colar nele a imagem de "traidor" e criar dificuldades para uma disputa contra um candidato de Campos.
Derrotado pelo PSB em 2012 no Recife, o senador petista Humberto Costa (PE) nega que o PT tenha feito um convite direto ao ministro. Diz que as declarações de Bezerra pela continuidade da aliança decorrem da "lealdade" do ministro ao governo do qual faz parte.
O líder do PSB na Câmara, Beto Albuquerque (RS), recorre ao mesmo termo usado pelo senador, mas em sentido oposto. Ele acredita em "lealdade" do ministro ao partido.