A ex-ministra do Meio Ambiente e senadora Marina Silva (Rede Sustentabilidade) disse neste sábado, em Belo Horizonte, que está “preocupada” com as várias medidas apreciadas pela Câmara e o Senado, neste ano, que “vão na direção de subtrair as conquistas democráticas”. De acordo com ela, essas iniciativas só puderam prosperar no Legislativo porque há “um vício pelo Poder” que está comandando a agenda política do país.
Marina justificou a apreensão citando o projeto de lei aprovado na Câmara que dificulta a criação de partidos políticos e sustadas no Senado pelo STF, cujo principal prejudicado é o Rede Sustentabilidade criado por ela em fevereiro passado; e as Propostas de Emendas Constitucionais (PECs) que retiram prerrogativas do Ministério Público de investigar crimes e limita o raio de ação do Supremo Tribunal Federal (STF), que passaria a ter decisões consolidadas apenas com o aval do Congresso Nacional.
“Estamos chamando essas medidas de pacote de abril, que colocam em risco a estabilidade institucional do país”, avaliou . De acordo com Marina, essas medidas analisadas pelo Congresso Nacional, que contam com o apoio da maioria dos parlamentares da base aliada do governo da presidente Dilma Rousseff (PT), não condizem com “a cultura democrática dos partidos de tradição de esquerda e de centro-esquerda”.
Para Marina, a agenda política do país está sendo “contaminada” e mudando “de acordo com as circunstâncias” da disputa eleitoral. “Essa ansiedade tóxica de ficar o tempo todo disputando eleição é a distorção que temos na política, no Brasil e no mundo, com as pessoas viciadas em disputar o poder”, disse a senadora.
Presidenciável
Marina que está em Belo Horizonte por dois dias para coletar assinaturas de eleitores e conseguir o registro definitivo da Rede Sustentabilidade junto ao Tribunal Superior Eleitoral se negou a falar da própria candidatura para a presidência da República em 2014. “Não vou me colocar nesse lugar de candidata antecipada, até porque não temos partido ainda e estamos focados na criação dele”, disse. Marina já foi filiada ao PT e PV – por essa última legenda ela disputou as eleições de 2010 para presidente, ficando em terceiro lugar, com em torno de 20 milhões de votos.
Susto
Marina também refutou a ideia de que o projeto de lei aprovado pela Câmara e com votação suspensa no Senado _ por meio de liminar do STF-, restringindo o acesso ao fundo partidário e ao horário gratuito na propaganda eleitoral para os novos partidos, não seria também uma forma de garantir a fidelidade partidária, conforme defendem os partidário da aprovação desse projeto.
Agenda em BH
Marina Silva chegou em Belo Horizonte na manhã deste sábado. De amanhã, ela participou de corpo a corpo pelas ruas do bairros Barreiro e Savassi para colher assinaturas para a Rede entre os eleitores. De acordo com a legislação em vigor, para obter registro definitivo junto ao Superior Tribunal Federal (TSE) um partido deve obter no mínimo 500 mil assinaturas de eleitores. Para viabilizar a candidatura para 2014, esse número deve ser atingido até outubro deste ano, um ano antes da eleição. À tarde, Marina participou de uma plenária com correligionários e simpatizantes do novo partido, no Museu Inimá de Paula, no Centro de Belo Horizonte.
Neste domingo, a partir das 10 horas, Marina Silva, que é também artesã, tem agenda marcada na Feira de Artesanato da Avenida Afonso Pena , onde promove mais uma rodada de coleta de assinatura. De acordo com o coordenador da Rede em Minas, o ex-deputado federal José Fernando de Oliveira, as assinaturas de eleitores para avalizar a Rede perante a Justiça Eleitoral devem atingir a casa das 300 mil até o final deste mês.