O depoimento foi tomado pelo promotor Gilberto Ramos de Oliveira Júnior, que então integrava o Grupo de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) de São José do Rio Preto.
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Inquérito mostra infiltração da 'máfia do asfalto' no DERTribunal manda soltar irmãos da 'Máfia do Asfalto'Grampo da PF registra deputado petista pedindo ajuda a 'Máfia do Asfalto'Deputado tucano nega vinculação com ScamattiSegundo eles, era necessário buscar os “elementos bancários e fiscais” de Pignatari para averiguar a veracidade das declarações da testemunha, “a qual”, escreveram, foi “reforçada” por escutas telefônicas.
“Grande parte dos diálogos coletados são travados com o mencionado investigado (Carlão), que inclusive é apelidado pelos empresários como ‘padrinho’”.
Pignatari chegou a ser alvo dos grampos quando não teve foro privilegiado - ele foi prefeito de Votuporanga entre 2001 e 2008 e assumiu mandato na Assembleia em 2011 -, mas em julho de 2010 os promotores desistiram de monitorá-lo.
Um mês antes, o promotor Paulo César Neuber Deligi escreveu em um despacho que corria no Gaeco de Rio Preto um “procedimento investigatório criminal sobre um grande esquema de fraudes em licitação”, e que a investigação “teve início no ano de 2008, quando o então prefeito de Votuporanga, Carlos Pignatari, tornou-se suspeito de engendrar a criação de empresa em nome de terceiros para participar e vencer processos licitatórios na cidade”.
“Muito embora fosse administrada por terceiros, era ele, Carlos, o principal beneficiário das divisas ilicitamente obtidas”, escreveu Deligi. “Para tanto, teria se valido de pessoas de sua confiança, ex-empregados, como, no caso, Olívio Scamatti, que gerenciou por anos o frigorífico avícola de Pignatari”.
Formalmente, a Demop não tem nem nunca teve Pignatari como sócio. O jornal O Estado de S. Paulo revelou em 21 de abril que a Demop era uma empresa pequena quando Carlão se elegeu prefeito e cresceu quando ele deixou o mandato. O capital social saltou de R$ 100 mil, em 1999, ano da fundação, para R$ 10 milhões em fevereiro de 2009. Carlão nega qualquer relação empresarial com a Demop e seu proprietário.