“Vejam que horrores: instrumentos que trituravam tornozelos, práticas de tortura contra crianças indígenas, extermínio de povos inteiros, denúncias de execuções sumárias, atuação de agentes do Estado brasileiro como cúmplices de latifundiários”, destacou ele aos colegas parlamentares, depois de citar trechos da matéria publicada pelo Estado de Minas no dia 19, que revelou a existência do relatório depois de todos esses anos. O senador pediu também que os trabalhos da Comissão Nacional da Verdade sobre o assunto sejam acompanhados pelo Senado e disse que considera indispensável que cópias do relatório sejam encaminhadas à Comissão de Direitos Humanos e à Subcomissão da Verdade da Casa.
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Evidências de um genocídio indígena no Brasil têm repercussão internacionalRelatório pode servir de prova para devolução de terras indígenasFilho se emociona ao falar do trabalho de investigação feito pelo procurador sobre massacre indígenaAgentes do serviço de proteção escravizavam índios, aponta Relatório FigueiredoMinistério Público busca pistas de mortes de índiosAtrocidades contra índios ficam sem punição no BrasilDocumento que registra extermínio de índios é resgatado após décadas desaparecidoDocumento sobre massacre e tortura de índios no país será debatido na CâmaraComissão do Senado discute tortura contra índios descritas no Relatório FigueiredoSenado investiga genocídio indígenaAo Estado de Minas, o senador afirmou que os culpados devem ser responsabilizados e que considera inadmissível o Estado ter atuado como capanga de latifundiários. “Pelo nosso ordenamento jurídico constitucional, tortura é um crime imprescritível e deve ser julgado. O requinte de crueldade das atrocidades praticadas faz a atuação da Gestapo (polícia secreta da Alemanha nazista) parecer brincadeira de criança”, argumentou. Alarmado com o assunto, ele disse que o relatório é uma marca vergonhosa indelével na história do país e conclamou seus colegas a abraçarem a causa da investigação: “A geração de homens públicos que não buscar o esclarecimento dessas atrocidades não pode descansar em paz”.
Disputa de terras
Sobre a questão da usurpação de terras indígenas, muito presente no documento, Randolfe considera que os relatos do procurador Jader de Figueiredo, autor do relatório, também devem ser discutidos e podem contribuir para resolver disputas históricas de terras. “Isso é um aspecto que vai de encontro com a questão colocada pela PEC 215”, ele diz, se referindo ao projeto que pretende transferir a responsabilidade da demarcação de terras indígenas para o Congresso Nacional – prerrogativa hoje da União. “Reforça a necessidade de levar essa PEC para o arquivo”, acrescenta ele.
O senador considera que houve uma tentativa por meio do regime militar de ocultar os resultados da investigação, empreendida em 18 estados e que percorreu mais de 16 mil quilômetros: “Está cada vez mais claro que o capítulo de crimes praticados contra nações indígenas é um capítulo encoberto e escondido entre centenas de milhares de atrocidades cometidas pela ditadura civil militar brasileira”.