Marcada para quarta-feira, a votação do projeto apelidado de “cura gay” promete agitar ainda mais o plenário da Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM) da Câmara. O ponto principal da proposta pretende restabelecer a legalidade de terapias de “reversão da homossexualidade”, atualmente proibidas por resolução do Conselho Federal de Psicologia (CFP). Já está confirmada a presença de Rozangela Justino, psicóloga que provocou a apresentação da primeira proposta legislativa nesse sentido, ainda em 2009, depois de ser censurada publicamente pelo CFP por oferecer tratamento para a homossexualidade.
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Tucanos pressionam deputado a retirar da pauta projeto que trata da "cura gay"Feliciano inclui projetos contra direitos gays na pauta da comissãoDeputado federal dá parecer favorável a projeto que restabelece a "cura gay"Marco Feliciano já defendeu pastor acusado de estuproIgreja de bruxaria aciona STF contra composição da Comissão de Direitos Humanos da CâmaraConselho de psicologia critica discussão de 'cura gay'“Protelar projetos abre precedente para que denúncias sejam levadas ao STF sob a alegação de que o Congresso é lento em suas decisões”, disse ele. Embora tenha afirmado que a homossexualidade não é doença, o deputado defendeu a proposta que trata do tema. “Esse projeto protege o profissional de psicologia quando procurado por alguém com angústia sobre sua sexualidade”, acredita o parlamentar.
Ameaças
Rozangela Justino argumenta na mesma linha. Ao confirmar presença na votação de quarta-feira, ela conta que vive recebendo ameaças de movimentos LGBT. “Até hoje, continuo sendo procurada para ajudar, mas não tenho respondido à demanda, devido à intimidação ‘gaysista’. Os ativistas gays aparelharam o Conselho de Psicologia e prejudicaram não somente a mim, como também a todos os psicólogos”, afirma. A psicóloga só concordou em dar entrevista por e-mail. Ela classifica a resolução do CFP, que desde 1999 proíbe as terapias para mudança de orientação sexual, como inconstitucional. “As próprias pessoas que querem deixar a atração pelo mesmo sexo, que faz parte da minoria das minorias, acabou por ser prejudicada. Isto não é totalmente desumano?”, questiona.
A psicóloga Marisa Lobo também ataca as regras do CFP e critica a alcunha de “cura gay”. “Essa resolução cerceia o direito do profissional. Não se trata de curar gay e sim de respeitar o indivíduo em seu desejo, ainda que seja para mudar sua condição. Não podemos prometer que a mudança ocorra, porém não podemos negar que ela aconteça — ex-gays existem e merecem respeito”, afirmou a psicóloga pelo Twitter. A ida das psicólogas e até de pessoas que afirmam ter deixado a homossexualidade após terapias tem sido articulada por deputados da bancada religiosa evangélica da Câmara.