Prestes a completar um ano de existência, a Comissão Nacional da Verdade prepara-se para divulgar um balanço das atividades sob duras críticas de entidades da sociedade civil, que cobram mais transparência do órgão em suas investigações. A divulgação do relatório parcial, programada para o dia 13, vai ao encontro de uma demanda de entidades da sociedade civil ligadas a famílias de vítimas da ditadura militar. Mas as cobranças ainda são intensas.
Criadora da ONG Tortura Nunca Mais no Rio de Janeiro, Victoria Grabois questiona os resultados obtidos até agora. “Nenhum dos três grandes feitos da CNV foram frutos de iniciativas do órgão”, observa. “A reintegração dos parlamentares cassados veio de uma iniciativa da deputada Luiza Erundina (PSB-SP). A nova certidão de óbito do Vladimir Herzog foi fruto da luta da família dele e a confirmação de que o Rubens Paiva foi morto nos porões do DOI-Codi veio da família do coronel Júlio Miguel Molinas Dias, que entregou à polícia os arquivos depois que ele foi morto”, argumenta.
Já Pedro Pomar, membro do Comitê Paulista pela Memória, Verdade e Justiça, defende a realização de audiências públicas e que o órgão se posicione pela revisão da Lei da Anistia: “Quem torturou e executou deve ser punido, como qualquer cidadão”.