Jornal Estado de Minas

Um palanque para dois

Dilma e Aécio dividem o palco pela primeira vez este ano

Encontro se resume a um rápido cumprimento. Senador não ouve discurso da presidente

Marcelo da Fonseca- enviado especial
Assim que a presidente Dilma chegou ao palanque com o governador Antonio Anastasia, Aécio se apressou a cumprimentá-la - Foto: Alexandre Gusanshe/EM/D.A Press
Entre cumprimentos e rápidas trocas de palavras, dois dos principais nomes que disputarão a preferência do eleitor brasileiro em 2014 ficaram frente a frente na manhã de ontem durante a abertura da 79ª Expozebu, em Uberaba. A presidente Dilma Rousseff (PT) e o senador Aécio Neves (PSDB-MG) dividiram o palco pela primeira vez neste ano, no momento em que se elevou o tom das críticas da oposição, principalmente em relação à condução da política econômica do governo. Também dividiram o palanque quatro nomes fortes para suceder o governador Antonio Anastasia (PSDB) no Palácio da Liberdade: o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel (PT); o presidente da Assembleia Legislativa de Minas, Dinis Pinheiro (PSDB); o vice-governador Alberto Pinto Coelho (PP) e o secretário de Estado de Ciência e Tecnologia, Nárcio Rodrigues (PSDB).

Dilma chegou ao parque de exposição no fim da manhã, acompanhada do governador Anastasia, de quatro ministros e vários deputados petistas com base eleitoral na região. O senador Aécio, que já estava na terceira fileira no palanque com os secretários de estado e parlamentares tucanos, prontamente foi cumprimentar a presidente. Os dois se abraçaram e conversaram rapidamente diante das câmeras. O último encontro entre eles havia sido em dezembro, durante a inauguração do Novo Mineirão.

Apesar do tom de cordialidade, o encontro de ambos se resumiu ao breve cumprimento no principal palco da exposição, momentos antes da cerimônia de abertura. Pouco depois do início do evento, o senador tucano deixou o lugar para se encontrar com políticos da região e não acompanhou a fala da presidente. Na parte da tarde, os dois teriam novamente agenda em comum, no tradicional almoço promovido por Jonas Barcelos, pecuarista famoso da região, mas Aécio chegou ao evento no meio da tarde, quando a petista já havia deixado a fazenda e retornado à Brasília.

Costuras

As articulações políticas dos tucanos e petistas começaram um dia antes. Aécio se reuniu com dezenas de políticos, produtores rurais e empresários do Triângulo, em jantar promovido pelo deputado Marcos Montes (PSD), apoiador declarado do tucano. O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (PSD), foi ao jantar, mas saiu antes da chegada do senador tucano.

Pouco antes do evento, Aécio criticou medidas adotadas pelo governo federal, que estariam impedindo melhores resultados na economia do país. “Acho que muitas coisas poderiam estar acontecendo melhor do que está hoje. Na questão do gerenciamento de obras de infraestrutura, na educação e na tragédia que é hoje a saúde pública”, afirmou Aécio. O senador considerou um erro a antecipação da campanha eleitoral, que atribuiu ao PT, e voltou a citar a inflação como problema que não tem sido enfrentado como deveria pelo Palácio do Planalto. “Há um fato concreto, que assusta e preocupa muito todos os brasileiros, que é o recrudescimento da inflação, principalmente de alimentos. E falo isso em tom de alerta, esperando que possa ser controlada”, afirmou. .

O ex-presidente Luiz Inácio da Silva chegou também um dia antes, dormiu na fazenda de Barcelos, mas não foi à abertura da exposição. Nos bastidores, o comentário foi de que Lula não queria ofuscar o protagonismo de Dilma, mas que ajudou a costurar as alianças eleitorais na região. .

Em seu discurso, Dilma respondeu às críticas tucanas, se dizendo otimista em relação ao cenário brasileiro para os próximos anos, destacando os investimentos no setor da pecuária e agricultura, como essenciais para a manutenção dos índices de exportação registrados. Adotando um mote muito usado pelo PSDB, a presidente destacou a importância de parcerias com o setor privado ao falar sobre o sucesso da exposição pecuária de Uberaba. “Essa foi uma parceria construída ao longo de quase oito décadas, uma parceria muito bem sucedida entre o setor privado e o público. E nós deveríamos aprender com ela e perceber que um país como o nosso cada vez mais vai precisar de parcerias bem sucedidas entre o setor privado e o público”, analisou Dilma.