Brasília – Depois de 17 anos do assassinato do empresário Paulo César Farias e de sua namorada, Suzana Marcolino, serão levados a júri quatro policiais militares acusados de cometer o duplo homicídio. O crime aconteceu na praia do distrito de Guaxuma, onde o ex-tesoureiro de campanha do ex-presidente Fernando Collor de Mello, hoje senador de Alagoas pelo PTB, tinha uma casa de veraneio. O caso teve várias reviravoltas e, inicialmente, se acreditava que a mulher havia matado PC Farias e cometido suicídio. No entanto, investigações posteriores indicaram que ambos foram executados.
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Irmão de PC Farias concorre "sub judice" em AlagoasDilma chama Fernando Collor de parceiro e elogia Renan CalheirosCollor diz que procurador-geral da República é "chantagista e prevaricador"Lula volta a citar Collor de Mello durante discurso no ABC paulistaIrmão de PC Farias nega envolvimento no assassinato do tesoureiro de CollorJúri ouve segunda testemunha de acusação do Caso PC FariasSuzana tentou se afogar, diz garçom da casa de PCComeça julgamento de envolvidos na morte de PC FariasIrmã de namorada de PC Farias rebate tese de crime passionalEm um primeiro momento, os investigadores trabalhavam com a hipótese de crime passional. As investigações iniciais apontavam que Suzana teria matado o namorado e depois cometido suicídio. A tese em questão foi levantada pelo legista Fortunato Badan Palhares, que ajudou nas investigações. Uma das alegações da defesa é de que a mulher havia comprado uma arma dias antes das mortes.
O Ministério Público Estadual de Alagoas baseou as acusações de acordo com a versão do médico George Sanguinetti, que descartou tal possibilidade. Outros peritos foram convocados a realizar um novo laudo e, depois de análises da posição dos projéteis, ficou evidenciado que não havia possibilidade de suicídio. Três anos depois, a nova apuração apontou os ex-seguranças de PC, Reinaldo Correia de Lima Filho, Josemar dos Santos, Adeildo dos Santos e José Geraldo da Silva, como envolvidos no duplo homicídio. Três deles continuam na ativa e um aposentou-se.
Filha
O promotor que vai atuar na acusação, Marcos Mousinho, pretende trabalhar com a tese de que, se não foram os ex-policiais militares que cometeram os assassinatos, eles deveriam ter evitado o duplo homicídio. “Vamos utilizar as provas que constam no processo, mostrando que, se os acusados não foram os autores materiais, deveriam, no mínimo, ter evitado as mortes”, afirmou Mousinho. Entre as sete testemunhas convocadas pelo Ministério Público, há dois peritos que atuaram no caso e constataram que não houve crime por motivos passionais. Outras 20 pessoas também devem ser chamadas pela defesa dos três réus. Entre elas é provável que esteja relacionada Ingrid Farias, filha de PC, que na época do crime era adolescente. O perito Badan Palhares também deve ser ouvido.
A previsão é de que o júri, que começa no início da tarde de hoje, dure pelo menos cinco dias. Apenas os depoimentos das testemunhas devem consumir metade do tempo do julgamento. Depois, ocorrem os interrogatórios dos quatro réus, o que deve levar aproximadamente dois dias. Desde que os réus foram pronunciados, dois anos após o duplo homicídio, a realização do júri era esperada, mas o excesso de recursos acabou atrasando o julgamento.