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Estado de Minas

Começa julgamento dos acusados de matar PC Farias e a namorada

Quatro PMs que faziam a segurança do tesoureiro do ex-presidente Fernando Collor de Mello vão ser julgados hoje. A previsão é de que o resultado só saia na sexta-feira


postado em 06/05/2013 00:12 / atualizado em 06/05/2013 08:58

Edson Luiz

PC Farias e Suzana Marcolino foram encontrados mortos na cama (foto: Agência Globo/Reprodução)
PC Farias e Suzana Marcolino foram encontrados mortos na cama (foto: Agência Globo/Reprodução)

Brasília – Depois de 17 anos do assassinato do empresário Paulo César Farias e de sua namorada, Suzana Marcolino, serão levados a júri quatro policiais militares acusados de cometer o duplo homicídio. O crime aconteceu na praia do distrito de Guaxuma, onde o ex-tesoureiro de campanha do ex-presidente Fernando Collor de Mello, hoje senador de Alagoas pelo PTB, tinha uma casa de veraneio. O caso teve várias reviravoltas e, inicialmente, se acreditava que a mulher havia matado PC Farias e cometido suicídio. No entanto, investigações posteriores indicaram que ambos foram executados.

PC Farias foi acusado de comandar atos de corrupção dentro do governo de Fernando Collor, o chamado Esquema PC, que resultou na instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI). A denúncia foi feita por Pedro Collor, irmão do ex-presidente. Quando ele morreu, estava em liberdade condicional concedida pelo Supremo Tribunal Federal (STF). O ex-tesoureiro havia sido condenado por falsidade ideológica, enriquecimento ilícito e sonegação de impostos.

Em um primeiro momento, os investigadores trabalhavam com a hipótese de crime passional. As investigações iniciais apontavam que Suzana teria matado o namorado e depois cometido suicídio. A tese em questão foi levantada pelo legista Fortunato Badan Palhares, que ajudou nas investigações. Uma das alegações da defesa é de que a mulher havia comprado uma arma dias antes das mortes.

O Ministério Público Estadual de Alagoas baseou as acusações de acordo com a versão do médico George Sanguinetti, que descartou tal possibilidade. Outros peritos foram convocados a realizar um novo laudo e, depois de análises da posição dos projéteis, ficou evidenciado que não havia possibilidade de suicídio. Três anos depois, a nova apuração apontou os ex-seguranças de PC, Reinaldo Correia de Lima Filho, Josemar dos Santos, Adeildo dos Santos e José Geraldo da Silva, como envolvidos no duplo homicídio. Três deles continuam na ativa e um aposentou-se.

Filha

O promotor que vai atuar na acusação, Marcos Mousinho, pretende trabalhar com a tese de que, se não foram os ex-policiais militares que cometeram os assassinatos, eles deveriam ter evitado o duplo homicídio. “Vamos utilizar as provas que constam no processo, mostrando que, se os acusados não foram os autores materiais, deveriam, no mínimo, ter evitado as mortes”, afirmou Mousinho. Entre as sete testemunhas convocadas pelo Ministério Público, há dois peritos que atuaram no caso e constataram que não houve crime por motivos passionais. Outras 20 pessoas também devem ser chamadas pela defesa dos três réus. Entre elas é provável que esteja relacionada Ingrid Farias, filha de PC, que na época do crime era adolescente. O perito Badan Palhares também deve ser ouvido.

A previsão é de que o júri, que começa no início da tarde de hoje, dure pelo menos cinco dias. Apenas os depoimentos das testemunhas devem consumir metade do tempo do julgamento. Depois, ocorrem os interrogatórios dos quatro réus, o que deve levar aproximadamente dois dias. Desde que os réus foram pronunciados, dois anos após o duplo homicídio, a realização do júri era esperada, mas o excesso de recursos acabou atrasando o julgamento.


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