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Coronel-aviador narra operação para matar Jango em 61Jango pode ter sido envenenadoDocumentos mostram que Jango era monitorado pela Operação CondorJango terá honras de Estado em processo de exumação"Dossiê Jango" traz dúvidas sobre morte do ex-presidente João Goulart"Só quem não veio hoje, porque houve um problema, foi a família Goulart. Ainda precisamos conversar porque eles têm a legitimidade, como família, para pedir ao Estado brasileiro essa diligência." Quem representa a família nas conversas é João Vicente, filho do ex-presidente. A exumação terá de ser requerida à Justiça em São Borja (RS), onde o ex-presidente foi sepultado.
Jango, como o ex-presidente (1961-1964) era conhecido, era do PTB e foi deposto pelo golpe militar de 31 de março de 1964. Morreu em 6 de setembro de 1976, oficialmente de um ataque cardíaco. Mais recentemente, porém, foram levantadas suspeitas de envenenamento, supostamente numa ação da Operação Condor, colaboração entre órgãos de repressão das ditaduras sul-americanas nos anos 70 e 80.
Um ex-agente da polícia política uruguaia, Mario Neira Barreiro, afirmou que o ex-presidente brasileiro teve envenenada sua caixa de remédios para problemas do coração, o que o teria matado. Em 2010, o historiador Luiz Alberto Moniz Bandeira, porém, depois de investigar o caso por dois anos, descartou o assassinato como hipótese para a morte de Jango.
Rio
Na posse da Comissão da Verdade do Rio, seu presidente, Wadih Damous, anunciou que os primeiros casos a ser investigados serão os das bombas na OAB, em 1976, e do Riocentro, em 1981, episódios que, segundo ele, são ligados. "Os perpetradores serão ouvidos. Serão chamados, de acordo com os casos, a prestar depoimento", declarou. Na solenidade, alguns se comoveram com o depoimento de Ana Lucia Paiva, filha do ex-deputado e desaparecido Rubens Paiva. Ela contou que, após a prisão do pai, sofreu isolamento na escola.
"A senhora que foi presa trazendo cartas do Chile para meu pai era minha professora. A filha dela era minha colega de classe. Durante seis meses, depois da prisão, sentamos uma do lado da outra, mas não podíamos falar daquilo. Os outros pais proibiram que as outras crianças se aproximassem de mim porque tinha medo de serem presos", contou. Ela também relatou que, estudante na USP, em 1977, foi presa com colegas e passou uma noite inteira sendo interrogada com arma na cabeça, no Deops. "Queriam que eu dissesse onde estava minha irmã Veroca, que era líder estudantil. Diziam: já não basta o que aconteceu com seu pai?"