As perguntas a Freud e a sua mulher foram enviadas por carta precatória da Polícia Federal em Minas, onde corre um inquérito ao qual foi anexado o depoimento de 13 páginas que Valério prestou à Procuradoria-Geral da República em setembro. No âmbito desse inquérito, a anexação do depoimento de Valério acabou levando a Justiça a quebrar o sigilo bancário de Freud. Outro inquérito foi aberto a partir do depoimento, mas pelo Ministério Público Federal no Distrito Federal - este investiga especificamente supostos repasses ilegais da Portugal Telecom ao PT que teriam sido realizados com o aval do ex-presidente.
No âmbito da CPI da Bancoop - comissão parlamentar de inquérito da Assembleia Legislativa de São Paulo que, em 2010, investigou fraudes e desvios na Cooperativa Habitacional dos Bancários, fundada por um núcleo do PT - , Freud admitiu que a Caso recebeu 98,5 mil da SMP&B, agência de Valério.
Na época, indagado por deputados se prestou serviços a Valério, ele declarou: “Não prestamos serviço à empresa dele diretamente. Prestamos serviços na campanha de 2002, do presidente Lula, eleito em outubro. Nos meses de novembro e dezembro houve vários eventos de comemoração que o PT fez. Quando chegou janeiro (2003) tínhamos um saldo, um valor para receber que estava em atraso do PT. Foi pedido que essa empresa (SMP&B) pagasse a Caso Sistema de Segurança. A Caso foi paga pela SMP&B pelos eventos que foram feitos na época”.
Ele afirmou que “a transação foi contabilizada”. Questionado se a contabilização se deu na prestação de contas do PT, disse: “Não conheço a prestação de contas do PT. Eu posso falar pela empresa. Fui assessor da Presidência da República. Eu trabalhava em Brasília, com a primeira-dama, no gabinete dela, fazendo atendimento de pedidos, requerimentos, solicitações. Cuidava das coisas particulares da família do presidente”.