Escravos em uma fazenda no interior de São Paulo, Jozé e Albina conquistaram a liberdade, pagando a quantia de 200 mil réis a título de indenização ao senhor, em janeiro. O casal de africanos, que não sabe ao certo há quanto tempo está em solo brasileiro nem usa sobrenome nos documentos referentes à alforria obtida, utilizou-se de um expediente inovador entre os negros cativos no Brasil: o recurso à Justiça. São cada vez mais comuns as ações de liberdade, muitas vezes patrocinadas por entidades abolicionistas espalhadas pelo país. Levantamento da reportagem mostra que um quarto dos pedidos é atendido pelos magistrados.
Na frente
Enquanto o parlamento brasileiro se debruça sobre o projeto de lei enviado pela princesa regente, Isabel, abolindo a escravidão em todo o território nacional, duas províncias saíram na frente. Seguindo o exemplo do pequeno município de Icarapé, no Ceará, que libertou todos os seus escravos há quatro anos, o governo do estado decidiu extinguir a servidão. Em seguida, veio o Amazonas.
Nas demais províncias, porém, são cada vez mais comuns iniciativas particulares de alforria coletiva. Se, por um lado, tem sido difícil para muitos senhores manter a ordem nas senzalas, de outro, libertar escravos poderia render títulos de nobreza, uma espécie de incentivo dado pela Coroa.
Saúde delicada
O último boletim sobre a saúde de dom Pedro II, imperador do Brasil, afastado há 10 meses para tratamento médico na Europa, aponta o diagnóstico de pleurite seca. O mal, caracterizado por uma inflamação das pleuras pulmonares, levou três médicos respeitados – os italianos Mariano Semmola e De Geovanni, e o francês Charcot – a se deslocarem até Milão, na Itália, há uma semana, para examinar o estado de saúde do monarca.
Apesar de ter à disposição especialistas estrangeiros, o imperador segue acompanhado de Cláudio Velho da Mota Maia, filho de um mordomo criado sob a proteção da família real. Patrocinado por dom Pedro II, o mancebo frequentou faculdades europeias de medicina e passou a cuidar pessoalmente da saúde do padrinho, mesmo sob protestos de parentes e amigos, para quem Mota Maia tenta esconder o real estado do paciente, além de controlar suas decisões. (RM)