De acordo com o deputado Salvador Zimbaldi (PDT-SP), um dos autores do pedido de CPI, o objetivo da comissão é investigar quem tem interesse em incentivar e financiar a prática do aborto no país, o comércio de produtos e as clínicas que fazem o procedimento. Ele acredita que a instalação aconteça nas próximas semanas: “Estou seguro de que vamos convencer os líderes porque o interesse não é apenas de setores, mas da sociedade”.
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Aborto é "casca de banana" para candidatos nas eleições de 2014Senado discute descriminalização de drogas e abortoComissão que estuda modernização do Código Penal não vai propôr descriminalização do abortoFonteles critica proposta de liberação do aborto até 12ª semana no novo Código PenalUm fato que acendeu o sinal de alerta entre os defensores da CPI foi o parecer do Conselho Federal de Medicina (CFM) encaminhado ao Senado defendendo a interrupção da gravidez até a 12ª semana. O deputado pedetista não esconde a irritação com o presidente do CFM, Roberto Luiz D'Avilla, e com os conselheiros. “O médico e o conselho jamais poderiam provar esse parecer porque juraram, ao se formar, defender a vida. O aborto é uma quebra desse juramento”, argumenta. “Qual é a diferença entre esses médicos e aquela profissional que desligava os aparelhos de pacientes em fase terminal?”, questiona, referindo-se à médica Virgínia Soares de Souza, acusada de antecipar mortes na UTI do Hospital Evangélico de Curitiba.
VISIBILIDADE A sociedade civil organizada, em especial as feministas, tem usado os sites e redes sociais para protestar, divulgando os nomes dos deputados que assinaram o pedido de CPI, tratando a iniciativa como um retrocesso nas lutas sociais. A Articulação de Mulheres Brasileiras, em nota oficial, considera a proposta uma “ação oportunista para instalar um palco que dê visibilidade aos parlamentares em questão, e às frentes que mantêm no Congresso Nacional uma agenda conservadora e antidemocrática”. O documento chama a instalação da CPI de “atentado contra a liberdade de opinião, de organização, de debate e de disputas democráticas por mudanças na legislação”.
O CFM esclarece não ser a favor do aborto, mas contra a punição criminal da mulher que o pratica. “Ninguém, em sã consciência, defende o aborto como método de planejamento familiar, mas o que a instituição defende é que a mulher que vivencia o drama de decidir pela não continuidade da gravidez, uma decisão quase sempre solitária, muito difícil e dolorosa, com potenciais repercussões biopsicológicas a curto e a longo prazo, não seja duplamente punida”, explica Roberto D’Ávila.