Além de prometer a liberação de R$ 1 bilhão em emendas parlamentares aos deputados em troca da aprovação da Medida Provisória 595/2012, a MP dos Portos, o Planalto cobrou do primeiro escalão federal mobilização total com o propósito de assegurar o novo marco regulatório do setor. Apesar do time em campo e da promessa bilionária, a convocação da sessão extraordinária feita pelo presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), para as 18h dessa segunda-feira não deu em nada. Alves preferiu encerrar a sessão, por volta das 20h, para não correr o risco de ver a votação obstruída por partidos da oposição e do PMDB. Ele marcou outra sessão extraordinária, às 11h desta terça-feira, para apreciar a matéria. Até o fim da noite de ontem, o vice-presidente da República, Michel Temer, ainda se reunia com lideranças do governo e do Congresso para buscar uma solução para o caso. O Executivo avalia mudanças no texto a fim de evitar a derrota após os esforços dos últimos dias.
Logo na manhã dessa segunda-feira, a ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, se reuniu com ministros da coordenação política e da área de infraestrutura para que eles orientassem os parlamentares a votar a medida, considerada essencial pelo Planalto. A ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, passou cerca de quatro horas ontem no Congresso reunida com líderes da base. Ela prometeu aos deputados a liberação de R$ 1 bilhão em emendas nos próximos meses, mas negou que o anúncio do pagamento dos recursos tenha relação com a votação da MP dos Portos. O deputado Eduardo Cunha (RJ), líder do PMDB na Câmara, disse que o “partido não está à venda”.
Em São Paulo, a presidente Dilma Rousseff destacou a relevância da matéria. “Estamos em um momento importante. A MP tem por objetivo abrir os portos brasileiros ao investimento privado, gerando competição, maior eficiência e modicidade nos custos”, afirmou.
O deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), um dos porta-vozes do movimento sindical na Câmara, disse que o governo não aceitou negociar mudanças na MP dos Portos com os líderes da base aliada. “O governo veio para enquadrar o Congresso. E eu, como não gosto de ser enquadrado, vou atrapalhar a votação”, disse o pedetista, que saiu antes do término do encontro. À noite, ele foi chamado para a reunião com Michel Temer no Palácio do Jaburu.