A Justiça de Minas Gerais adiou nesta terça-feira o julgamento dos acusados de cometer o crime que ficou conhecido como Chachina de Felisburgo. Ainda não foi marcada nova data e, de acordo com a assessoria de imprensa do Fórum Lafayette, o juiz responsável pelo caso, Glauco Eduardo Soares Fernandes, deve tornar público hoje despacho oficial com a justificativa para o adiamento.
O julgamento do fazendeiro e outros 17 homens também acusados de participar do crime – que deixou cinco mortos e 15 feridos-, foi transferido para Belo Horizonte por uma questão de segurança. Apesar disso, as testemunhas não são obrigadas legalmente a se deslocar para a capital para prestar depoimento, conforme quer a defesa dos acusados dos assassinatos.
Entenda o caso
Chafik vai a júri pela acusação de comandar ataque ao acampamento Terra Prometida, na Fazenda Nova Alegria, no município de Felisburgo, no Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais, em 20 de novembro de 2004. Na ocasião, foram assassinados cinco trabalhadores rurais - Iraguiar Ferreira da Silva, de 23 anos, Miguel Jorge dos Santos, de 56, Francisco Nascimento Rocha, de 72, Juvenal Jorge da Silva, de 65, e Joaquim José dos Santos, de 48 - e mais 20 pessoas ficaram feridas, inclusive crianças.
Comandados por Adriano Chafik, 17 pistoleiros invadiram o local e atearam fogo em barracos e plantações. As cinco vítimas foram executadas com tiros à queima-roupa. Chafik confessou ter participado do massacre, mas poucos dias depois conseguiu, por meio de habeas corpus, responder ao processo em liberdade.
Esta é a segunda vez que o julgamento é adiado. O primeiro juri, marcado para 17 de janeiro, foi adiado devido ao juiz da Comarca de Jequitinhonha, onde inicialmente ocorreria o julgamento, ter enviado o processo para Belo Horizonte antes que a defesa dos réus indicasse testemunhas a serem ouvidas na ocasião.
As famílias de sem terra ocuparam o local em 2002 e tinham denunciado à Polícia Civil o recebimento de ameaças por parte dos fazendeiros. No mesmo ano, 567 dos 1.700 hectares da fazenda foram decretados pelo Instituto de Terra de Minas Gerais (ITER) como terra devoluta, que é uma área do Estado e que deveria ser devolvida para as famílias. Nove anos depois do episódio, as famílias ainda vivem no assentamento, aguardando que parte da área seja desapropriada. Iniciado há 14 anos, o processo agora tramita no Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Com agências