Jornal Estado de Minas

Integrantes do MST protestam em frente ao Fórum Lafayette por adiamento de julgamento

O grupo fez uma manifestação nesta manhã no Centro de Belo Horizonte e pretende ficar acampado no local por tempo indeterminado

João Henrique do Vale
Representantes do Movimento dos Sem Terra (MST) pretendem ficar acampados em frente ao Fórum Lafayete, no Barro Preto, Região Centro-Sul de Belo Horizonte, por tempo indeterminado. O grupo protesta contra o adiamento do julgamento do fazendeiro Adriano Chafik, acusado de comandar o ataque ao acampamento Terra Prometida, em Felisburgo, no Vale do Jequitinhonha, quando cinco pessoas morreram. Os manifestantes querem a remarcação da audiência e a prisão preventiva do suspeito. Eles afirmam que pretendem ficar acampados no local até que sejam atendidos por um juiz.
“Temos três grandes objetivos: o primeiro é a remarcação imediata do julgamento. Não é possível que com a justificativa pífia do juiz continue a impunidade. O segundo objetivo é que queremos o assentamento imediado das famílias em Felisburgo. O terceiro e último é a prisão preventiva do fazendeiro Adriano Chafik”, explica Silvo Neto, da direção estadual do MST.

O grupo está preparado para ficar no local. Os manifestantes carregaram até o Fórum, colchões, lonas, fogão, e alimentos, como feijão e mandioca. “Não temos dúvida que esse é um fato que deverá ouvir o trabalhador e esperamos ser recebidos pelo juiz. Se não condenar o Adriano Chafik é uma carta branca para fazendeiros continuarem matando nos campos brasileiros”, afirma Neto.

A Chacina de Felisburgo ocorreu em 20 de novembro de 2004, quando 17 homens invadiram o acampamento Terra Prometida, na Fazenda Nova Alegria, e atearam fogo em barracos e plantações. Além das cinco vítimas executadas com tiros à queima-roupa - Iraguiar Ferreira da Silva, de 23 anos, Miguel Jorge dos Santos, de 56, Francisco Nascimento Rocha, de 72, Juvenal Jorge da Silva, de 65, e Joaquim José dos Santos, de 48 - 20 pessoas ficaram feridas, incluindo uma criança de 12 anos. O crime foi a segunda maior chacina de sem-terra no País, atrás apenas dos assassinatos de 19 trabalhadores por policiais militares em Eldorado dos Carajás (PA), em abril de 1996.

O julgamento estava previsto para ser iniciado nesta quarta-feira, mas a defesa de Chafik apresentou na segunda-feira pedido de adiamento para que sejam ouvidas 60 testemunhas do processo na comarca de Jequitinhonha, a 690 quilômetros da capital. O pedido foi acatado pelo juiz.

A tropa de choque acompanha a movimentação do MST. Nesta manhã, a manifestação causou lentidão no Centro de Belo Horizonte. Os manifestantes se encontraram com servidores da Prefeitura, em greve desde o início do mês, e um grupo que protestava na Praça Milton Campos, contra 11ª rodada de licitações de blocos para a exploração de petróleo e gás natural e a privatização de barragens. Juntos, todos saíram em passeata.