Não bastassem os recentes atritos entre o Supremo Tribunal Federal (STF) e a Câmara, as relações entre o Judiciário e o Legislativo podem azedar ainda mais – e por motivos diferentes daqueles que opuseram ministros e deputados federais. Nessa quarta-feira, o presidente do Tribunal Superior do Trabalho (TST), ministro Carlos Alberto Reis de Paula, culpou os parlamentares de ceder a pressões dos empresários para não votar projetos que alterem as leis trabalhistas e que agilizem a tramitação dos processos nos tribunais. Afirmou que, quando há aprovação de matérias, são leis “vagas e imprecisas”, que geram várias interpretações. Há hoje em tramitação em Brasília dezenas de propostas que alteram a legislação brasileira, das quais duas são defendidas diretamente pelo TST – uma que reduz o número de recursos processuais e outra que altera as regras para a execução das decisões. Somente sobre terceirização – mecanismo de contratação adotado cada vez mais no país –, são mais de 20 matérias.
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Primeiro presidente negro do TST toma posseSTF e TST são os primeiros tribunais a divulgar salários na internetAdvocacia-Geral da União desiste de 2 mil recursos no TSTMinistro Barros Levenhagen será novo presidente do TSTSistemas do TST saem do ar desta quarta-feira até segunda-feiraEm discurso no evento, o presidente do TST argumentou que essa realidade gera uma “insegurança jurídica” no que diz respeito a questões trabalhistas. Da parte do Judiciário, ele argumenta que seria necessária a aprovação do projeto que altera normas processuais, assim como aconteceu com a reforma do Código de Processo Civil (CPC). “Queremos trazer essas inovações para o processo trabalhista e os parlamentares criam dificuldades”, afirmou, completando que é difícil a convivência entre o Judiciário e o Legislativo. De acordo com o ministro, no entanto, em reunião realizada esta semana com representantes de advogados e empresários, chegou-se a um “bom termo” sobre a aprovação do texto.
DOMÉSTICAS
Apesar das críticas, o presidente do TST reconhece um avanço do Congresso, pelo menos no que diz respeito ao aspecto social: a aprovação no mês passado da PEC que garante aos empregados domésticos os mesmos direitos dos demais trabalhadores. E ele acredita que pontos como o controle da jornada de trabalho e pagamento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) sejam regulamentados em no máximo dois meses. “Não tem pressão de empresários”, alegou.
Na avaliação do ministro, no entanto, a regulação deve ser feita de acordo com a “realidade do trabalho”. Por isso mesmo, defende que haja regras diferentes para os domésticos, como um mecanismo próprio de controle de jornada e uma multa na rescisão contratual em percentual abaixo daquele aplicado aos demais trabalhadores, que é de 40% dos recursos acumulados no fundo de garantia.