Jornal Estado de Minas

Café com leite na convenção

Tucanos de MG e SP chegam a um acordo para comandar o partido nos próximos anos

Depois de muitas disputas e ameaças de dissidência do ex-governador José Serra, o consenso une os tucanos

Bertha Maakaroun - enviada especial
O senador Aécio Neves (PSDB) assumirá neste sábado a presidência nacional do PSDB com os ânimos de “paulistas” pacificados. Depois de negociar com o PSDB de Geraldo Alckmin e o PSDB de José Serra, chegou-se a uma costura à mineira. O secretário-geral, segunda função mais importante, exercida pelo deputado federal Rodrigo de Castro (MG) nos últimos anos, será do deputado Mendes Thame (PSDB). Indicado por Alckmin, ele agrada muito também a Serra. Nesse sentido, representa as tendências do PSDB de São Paulo. Além disso, mantém-se a tradição no partido segundo a qual quando a presidência é ocupada por um senador o secretário-geral é escolhido da bancada na Câmara dos Deputados.
Além de Thame, um segundo gesto político foi feito em direção à Serra: Alberto Goldman (SP), que é aliado do ex-governador e atual primeiro-vice-presidente do PSDB, se manteria em uma das três vice-presidências a serem criadas com a modificação do organograma da legenda. Para as outras duas vice-presidências seriam indicados Tasso Jereissati, ex-senador e ex-governador do Ceará, e o deputado federal Bruno de Araújo (PE), que foi líder do PSDB. Jereissati e Araújo são ligados a Aécio. Nesse movimento, o senador pretende consolidar a aliança de Minas com São Paulo, seu parceiro mais importante para o projeto de consenso partidário.

Diferentemente do que ocorre hoje, quando, pelo estatuto, o primeiro vice-presidente é o sucessor para o comando da sigla, os três vices-presidentes passariam a ter funções administrativas, burocráticas e de comunicação, comandadas pelos políticos, mas com estrutura profissional e técnica. O objetivo seria dar mais dinamismo ao partido, que se organiza, neste momento, para ter mais visibilidade na mídia, participando do debate nacional de temas importantes para a plataforma política de um candidato à Presidência da República. Distribuídas as tarefas entre as forças políticas do PSDB, mas garantindo a proximidade de seus aliados, Aécio pretende estar liberado para tratar do que mais gosta: fazer política.

Alianças

A presidência do PSDB nacional é, na visão de aliados de Aécio, um passo decisivo para consolidar dentro da legenda a pré-candidatura dele ao Palácio do Planalto. O cargo é fundamental na articulação da política de alianças. Além disso, à frente do partido, o presidente ganha em visibilidade com a mídia espontânea em todo o país, não apenas como o principal porta-voz para fazer o enfrentamento com o governo Dilma Rousseff (PT), mas também debatedor de temas e articulador de um projeto político.

Na convenção deste sábado não haverá surpresas para o grupo político de Aécio Neves. O deputado federal Sérgio Guerra (PE) passará o cargo para ele em clima de unidade. José Serra participará e discursará. O prefeito de Manaus, Arthur Virgílio, que recentemente protagonizou um embate político com Geraldo Alckmin em torno das alíquotas de ICMS para a Zona Franca de Manaus, também falará em nome dos prefeitos tucanos.