O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, disse, nessa terça-feira, que os boatos sobre o fim do Bolsa-Família, responsáveis por uma grande confusão nas agências da Caixa Econômica Federal durante o fim de semana, podem ter sido orquestrados. De acordo com Cardozo, afirmar quais seriam as motivações, neste momento, ainda no começo da investigação, seria leviano.
“Tivemos a eclosão desse boato em vários locais do território nacional com uma velocidade espantosa, isto chama a atenção e nos leva a buscar a investigação da forma mais séria possível”, salientou o ministro, durante a assinatura de cooperação de segurança pública entre os estados de Goiás e Minas Gerais, além do Distrito Federal.
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Polícia Federal investiga se boato envolvendo fim do Bolsa Família foi planejado'Não acredite em boatos', diz Rui Falcão no twitter ao se referir à Bolsa FamíliaMovimento na Caixa quintuplicou com boatos do fim do Bolsa FamíliaPrograma Bolsa Família é citado em publicação francesaBoato não vai atrapalhar imagem do Bolsa Família, diz LulaA Polícia Federal (PF) informou nessa terça-feira que os depoimentos iniciais vão ser tomados nos estados do Nordeste. Em parceria com a Caixa Econômica Federal, a PF começou a identificar as primeiras pessoas que efetuaram os saques no fim de semana. Em tese, esses beneficiários do Bolsa-Família teriam sido os primeiros a receber as informação falsas e podem ajudar os investigadores a chegar à origem dos boatos. O Ministério do Desenvolvimento Social comunicou que nenhum canal de comunicação do governo federal teria sido utilizado para repassar dados falsificados sobre o programa.
Nessa terça-feira, Cardozo afirmou que os responsáveis por espalhar os rumores serão punidos assim que forem identificados. “É inaceitável que pessoas utilizem da boa-fé do povo, disseminando pânico e situações dessa natureza. A partir do momento em que tenhamos provas de quem fez isso, que se aplique a pena com rigor.” No entanto, não foram informados quais crimes teriam sido cometidos.
Prioridade
O ministro ressaltou que a Polícia Federal está investigando o caso com prioridade absoluta. Ele preferiu não falar em prazos para a conclusão do inquérito, que foi centralizado em Brasília. “Qualquer palpite sobre prazos seria um equívoco da minha parte. Uma investigação como essa pode ser muito complexa, portanto eu evito arriscar prazos”, ponderou.
O rumor de que o programa do governo federal seria extinto se espalhou rapidamente por Pará, Piauí, Paraíba, Bahia, Pernambuco, Ceará, Maranhão, Alagoas, Sergipe, Rio Grande do Norte, Amazonas, Tocantins e Rio de Janeiro. O total de saques realizados entre sábado e domingo chegou a R$ 152 milhões. Na segunda-feira, a maior confusão ocorreu no Rio de Janeiro.
Mensagens
Após a confusão, o governo federal anunciou ontem que os beneficiários do programa vão receber, a partir de agora, torpedos por celular com todos os detalhes sobre o pagamento. O sistema de mensagens será controlado pela Caixa Econômica Federal. A informação foi confirmada ontem pela ministra do Desenvolvimento Social, Tereza Campello.
Ela explicou, durante o programa de rádio Bom dia, ministro, que é necessário criar um canal de comunicação rápido e direto entre o governo e os beneficiários do programa social. “Ontem (segunda-feira), nós iniciamos um serviço também de mensagem para os beneficiários do Bolsa- Família que têm telefone. Estamos avaliando a possibilidade de termos esse serviço para que a gente chegue rapidamente, com informações precisas, às pessoas. Hoje, muita gente tem celular”, ressaltou a ministra. O sistema de torpedos será controlado pela Caixa Econômica Federal, responsável pelos pagamentos. (Colaborou Renata Mariz)