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Audiência Pública da Comissão da Verdade da UnB revela histórias de repressão e torturaComissão da Verdade vai recomendar que agentes respondam na Justiça por crimes na ditaduraComissão da Verdade apresenta balanço de um ano de atividadesComissão da Verdade do Rio ouve historiadora que teve corpo usado em 'aula de tortura'Associação luta agora é para tombar antigo Dops em BH Falta de acordo atrasa criação da Comissão da Verdade em MinasAnistia Internacional destaca trabalho da Comissão da VerdadeEm nota divulgada no começo da noite de terça-feira, 21, a assessoria de imprensa da Marinha negou que mantém arquivos da ditadura. “A Marinha do Brasil esclarece que todos os registros existentes nos arquivos da instituição, solicitados pelo Ministério da Justiça, em 1993, foram encaminhados àquele órgão. Não há qualquer outro registro nos arquivos desta Força, diferentes daqueles encaminhados ao Ministério da Justiça.”
“O Cenimar foi um dos mais ferozes centros da repressão da ditadura”, disse a pesquisadora Heloísa Starling, da Universidade Federal de Minas Gerais, consultora da comissão. “Na Marinha, o culto ao segredo é levado às ultimas consequências.” Ela apresentou documento em que a Marinha, comandada em 1993 pelo almirante Ivan Serpa, morto em 2011, informou ao ministro da Justiça Maurício Corrêa que 11 perseguidos dados como mortos por órgãos oficiais estavam “foragidos”.
“Dentre os valores e preceitos éticos cultuados pela Marinha do Brasil, destaca-se o rigoroso cumprimento das leis e dos regulamentos. Nesse contexto, a Marinha continuará contribuindo para a consecução das tarefas desempenhadas pela Comissão Nacional da Verdade, colocando-se à inteira disposição para o atendimento de qualquer demanda que esteja ao seu alcance”, diz a nota da Força divulgada na terça-feira, 21.
A nota omite a informação de que o relatório sobre mortos no Araguaia, repassado naquele ano pela Marinha ao Ministério da Justiça, foi elaborado a partir de depoimentos de presos nunca divulgados na íntegra. “Temos, por lei, obrigação de trazer informes complementares sobre os mortos e desaparecidos”, disse Paulo Sérgio Pinheiro, integrante da comissão.
Arquivos
Ao longo do tempo, uma série de reportagens publicadas na imprensa derrubou a versão militar de que os arquivos da ditadura foram destruídos. Em 2008, o Estado divulgou que o Exército mantém em seus arquivos informações sobre combates a guerrilheiros no Araguaia. À época, o jornal noticiou que um processo administrativo, aberto a pedido de um militar da reserva interessado em ganhar uma promoção, apresentou dados de operações contra a guerrilha no Sul do Pará. Rosa Cardoso reafirmou, na terça-feira, 21, a disposição da comissão de propor aos três Poderes a revisão da Lei da Anistia, de 1979.