Jornal Estado de Minas

Senado debate regulação do mercado de minérios raros no Brasil

Agência Brasil
Brasília – A inserção do Brasil no mercado internacional de componentes fabricados a partir de minérios raros, conhecidos como terras-raras, é um desafio que está em debate no Congresso Nacional. Nesta quinta-feira, representantes de mineradoras instaladas no país debateram no Senado a criação da regulação do setor.
O diretor de Tecnologia e Projetos Minerais da Vale S.A., Edson Ribeiro, destacou que o mercado aguarda a regulamentação do trabalho de exploração das lavras de terras-raras para que o Brasil posicione-se competitivamente no setor. Ribeiro destacou os desafios do mercado e a necessidade de criar demandas para o setor.

“Acreditamos que a cadeia produtiva de mineração não é gargalo, mas precisamos criar demanda. A infraestrutura, questões tributárias, percepção governamental da necessidade de investimentos e a percepção equivocada da população de riscos radioativos, além da incerteza regulatória e de preço afastam os investidores”, ressaltou o diretor da Vale.

O mercado internacional de minérios de terras-raras é dominado hoje pela China. Além de investir em exploração de lavras, o país adotou a política de agregar valor com grandes investimentos em empresas de ponta. A partir desses investimentos, os chineses desenvolveram componentes para tablets, telefones celulares, lasers, turbinas de energia eólica, catalisadores para refino de petróleo, aparelhos de ressonância magnética, mísseis teleguiados e carros híbridos movidos a gasolina e eletricidade.

No Brasil, a Petrobras é o maior comprador de minério de terras-raras para ser utilizado no processo de craqueamento – quebra de moléculas – do petróleo. Esse procedimento permite à empresa produzir quantidade maior de gasolina.

O engenheiro químico Alair Veras, da Indústrias Nucleares do Brasil (INB), ressaltou que “o grande problema” na exploração da terra-rara reside na definição dos locais onde serão construídos os depósitos de material radioativos. Ele destacou que “a Cnem tem problemas para definir os locais”, já que as autoridades resistem em autorizar a construção dos depósitos.

O diretor-geral da empresa Mineração Serra Verde, Paulo de Tarso Serpa Fagundes, destacou que está em andamento um projeto de mineração estratégico na cidade goiana de Minaçu. Segundo ele, o cronograma de investimentos é R$ 1,2 bilhão, em dez anos. A previsão é que a planta industrial de exploração de terra-rara esteja pronta em 2016. O objetivo da mineradora é produzir vidros, cerâmicas, componentes para aviação e computadores.

Financiada com capital norte-americano, a Serra Verde pretende, entre 2016 e 2023, passar da simples exploração dos minérios em terra-rara para investimentos de alta tecnologia que permitam a separação dos minérios. Isso, de acordo com o diretor-geral da empresa, daria potencial de valor agregado à empresa e permitiria maior competitividade no mercado internacional.