Jornal Estado de Minas

Marca do governo Dilma é retrocesso ambiental, diz Marina Silva

A ex-senadora lembrou ainda que na gestão de Dilma "se mudou o Código Florestal para anistiar quem desmatou ilegalmente 40 milhões de hectares de floresta"

Agência Estado
Principal liderança da Rede Sustentabilidade, a ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva afirmou neste domingo, 26, que a principal marca do governo da presidente Dilma Rousseff (PT) tem sido a do retrocesso ambiental, enquanto a do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi a inclusão social e a do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso a estabilidade econômica.
"É no governo dela que tiraram as competências do Ibama para fiscalizar desmatamento e é no governo dela que se aprovou uma lei para dar poderes a ela para diminuir as unidades de conservação já criadas por outros governos", enumerou, para salientar que "já foram diminuídos cerca de 86 mil hectares para favorecer o licenciamento de hidrelétricas".

Marina lembrou ainda que na gestão de Dilma "se mudou o Código Florestal para anistiar quem desmatou ilegalmente 40 milhões de hectares de floresta". Ao mesmo tempo, revelou esperar que o quadro mude. "Ela (Dilma) ainda tem um ano e pouco para deixar sua própria marca e eu torço para que não seja a marca do retrocesso ambiental".

Marina conversou com os jornalistas durante passeio pelo Brique da Redenção, feira de antiguidades e ponto de encontro dos porto-alegrenses aos domingos, enquanto seus apoiadores colhiam assinaturas para a legalização de seu partido. A ex-ministra mostrou-se satisfeita porque a campanha já colheu 400 mil adesões e previu que a meta de 550 mil assinaturas será atingida até o final de junho. Ela chegou ao Rio Grande do Sul na sexta-feira à noite, quando participou de uma reunião de contadores em Bento Gonçalves. No sábado visitou uma feira ecológica em Porto Alegre. No domingo, além de visitar o Brique, reuniu-se com militantes da nova agremiação política. Nesta segunda-feira deve fazer uma visita de cortesia ao governador Tarso Genro.

Ao falar com os jornalistas, Marina tratou sua candidatura à Presidência da República em 2014 apenas como "uma possibilidade" e ressalvou que não quer fazer essa antecipação porque entende que é um erro antecipar a campanha eleitoral para um ano que deveria ser de debate de ideias e alinhamentos programáticos.

"Neste momento, estamos focados em três coisas: nas assinaturas para viabilizar a Rede Sustentabilidade, no esforço da discussão programática, porque queremos fazer um congresso da Rede em setembro, e obviamente, no esforço político do combate ao casuísmo, porque estão criando mecanismos para evitar que tenhamos acesso ao rádio e à televisão para divulgar as nossas ideias e ao fundo partidário, coisa que não foi feita para o partido do (Gilberto) Kassab (ex-prefeito de São Paulo), o PSD", ressaltou, em uma referência à proposta de restrições para a criação de novos partidos que tramita no Congresso.

Ao final da entrevista, Marina insistiu na defesa de uma mudança na política que preveja programas de longo prazo, que não mudem conforme a alternância de governos. "A agenda é essa, vamos persistir na energia limpa renovável e segura. O Brasil já tem 45% de matriz energética limpa. Esta é a agenda do Brasil para os próximos 20, 30, 40 anos".