O PPS quer a demissão dos ministros da Justiça, José Eduardo Cardozo, e de Direitos Humanos, Maria do Rosário - Foto: A oposição vai para cima do governo por causa da confusão envolvendo pagamentos do Bolsa- Família. O líder do PPS na Câmara, Rubens Bueno (PR), disse nesse domingo que irá cobrar da presidente Dilma Rousseff a demissão do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, da ministra-chefe da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência, Maria do Rosário, e da direção da Caixa. Bueno pretende também ir à Polícia Federal para solicitar informações sobre as investigações. O líder do PSDB na Câmara, Carlos Sampaio (SP), também encampa a ofensiva, mas com estratégia diferente. Ele irá apresentar requerimento para que o presidente da Caixa, Jorge Hereda, vá ao Congresso dar explicações, pedirá que o Banco Central investigue o caso e entrará com representação para que o Ministério Público participe da apuração.
A oposição resolveu cobrar resposta do governo depois que a Caixa confirmou, na última sexta (24), que disponibilizou os saques ao benefício um dia antes do início do boato sobre o fim do Bolsa-Família. Em dois dias, 920 mil saques foram feitos, num total de R$ 152 milhões. Para Rubens Bueno, o ministro Cardozo, que insinuou que os rumores poderiam ser fruto de uma ação orquestrada, e a ministra Rosário, que atribuiu os boatos à “central de notícias da oposição”, agiram de forma “irresponsável” e merecem ser punidos. “O problema foi da Caixa, que antecipou o pagamento e não comunicou de forma adequada. Foi uma lambança do governo, da sua incompetência”, disse, afirmando não acreditar na versão de que uma empresa de telemarketing do Rio de Janeiro pode estar envolvida na disseminação da informação sobre o fim do programa do governo federal.
“Eles (os ministros) foram irresponsáveis a ponto de não poderem ser mantidos nos ministérios. Se o governo não tomar essa providência (de demiti-los), vamos definir que medidas tomar”, afirmou Bueno. Segundo ele, está programada para o fim da tarde de amanhã uma visita de lideranças da oposição à Polícia Federal. O encontro, no entanto, pode ser antecipado para hoje. Para Bueno, é importante investigar exatamente que papel a antecipação dos pagamentos pode ter tido na confusão.
Melhorias Em nota, a Caixa afirmou que vem promovendo diversas melhorias no Cadastro de Informações Sociais desde março. E que, consequentemente, acabou disponibilizando o saque no dia 17, independentemente do calendário individual. “A Caixa ressalta que somente por volta das 13 horas do sábado (18) foi que se verificou o início da anormalidade de saques em alguns estados, quando também começaram a circular notícias sobre os boatos em relação ao Bolsa-Família”, explicou, em nota. A correria para sacar o benefício foi registrada em 12 estados.
Em visita à Etiópia, a presidente Dilma disse, no sábado (25), que é preciso aprimorar a fiscalização do Bolsa-Família. Ela desautorizou integrantes do governo a fazerem críticas à oposição e não quis comentar a investigação feita pela Polícia Federal. Dois dias após a confusão, a presidente Dilma chegou a dizer que o autor dos boatos é desumano e criminoso.