Líderes partidários do Senado se reúnem na tarde desta terça-feira para decidir o futuro da Medida Provisória 605, que permite o uso de recursos da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) para compensar descontos concedidos a alguns setores e viabilizar a redução da conta de luz. O líder do governo no Congresso, senador José Pimentel (PT-CE), defendeu a votação da matéria com o argumento de que não há impedimento legal que impeça o Senado de apreciar a proposta.
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Câmara aprova texto final da MP 601 com destaquesGoverno garantirá redução na tarifa de energia, diz ministra Com perda de validade da MP, governo terá que buscar saída para luz mais barataPresidente do Senado decide que MP que reduz conta de luz perderá validade"Vou levar imediatamente ao presidente (o pedido de leitura), ver se ele se encontra na Casa e, tão logo faça isso, com maior brevidade possível, respondo à Vossa Excelência", respondeu o primeiro vice-presidente. A rigor, não há impedimento no regimento do Senado para a votação da MP em um mesmo dia, desde que, primeiro, leia-se a MP numa sessão e, em outra, seja realizada a votação.
Reclamação
Mais cedo, Renan Calheiros foi flagrado afirmando que não iria ler as medidas provisórias em votação na Câmara nesta terça, se elas viessem a ser aprovadas na Câmara. "Não vou ler. Não vou ler nenhuma das duas", disse ao telefone para a secretária-geral da Mesa Diretora do Senado, Cláudia Lyra, na frente de jornalistas. Dessa forma, o senador cumpriria o compromisso assumido depois da votação da MP dos Portos de não receber nenhuma MP sem que a Casa tivesse, ao menos, sete dias para apreciação.
Renan se referia à MP 605, já aprovada pelos deputados no início da tarde, e à MP 601, em análise no plenário da Câmara. A primeira garante o desconto de luz e a segunda desonera a folha de pagamento para a construção civil e outros setores da economia.
"Não sei qual é a dúvida. É uma questão que não é política, é matemática", afirmou o presidente do Senado, após desligar o telefone, confirmando que não vai receber as MPs.
Pela manhã, porém, Renan afirmou que não era conveniente fazer projeção, agora, sobre a contagem do prazo de sete dias para que a Casa aprecie as medidas provisórias. Na chegada ao Congresso, ele quis dividir a responsabilidade com os demais colegas. "Essa não foi uma decisão minha. Foi do Senado. E precisa ser preservada", disse.
Intransigência
Um líder da base governista na Câmara disse se surpreendeu com a informação de que presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), não fará a leitura das MPs. "É muita intransigência", desabafou. Segundo o parlamentar, a articulação para a votação das MPs 601 e 605 no Congresso está sendo conduzida pela ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, e o governo deverá "cuidar" da questão envolvendo a votação no Senado.
"Estamos fazendo a nossa parte", disse o líder do PMDB, Eduardo Cunha (RJ). O peemedebista disse que não se "meteria" na votação do Senado, mas defendeu que Renan colocasse pelo menos a MP 605 em votação no plenário. "A outra (605), acho que ele poderia votar", afirmou.