Leia Mais
Presidente do Senado decide que MP que reduz conta de luz perderá validadeLíderes do governo se reúnem para decidir futuro da MP que reduz tarifa de energiaAprovada na Câmara, Medida Provisória que reduz energia segue para o SenadoTucanos querem impostos federais menores na conta de luzCâmara agilizará andamento de propostas que modificam rito de tramitação das MPsEduardo Campos defende acordo de lideranças para votar MPsRenan diz que não leu MPs em defesa de papel do SenadoPor volta das 23h40, Renan encerrou a sessão por falta de quórum. Ele decidiu submeter à Comissão de Constituição e Justiça um pedido do líder do PT, Wellington Dias (PI), para que as MPs entrem em votação. A decisão, no entanto, é apenas protocolar e não haverá tempo hábil para votar as medidas. “Não vai dar tempo”, sentenciou Renan, na terça-feira, 28, à noite.
O PT ficou isolado na tentativa de votar as medidas provisórias na terça-feira, 28. Além do PMDB, partidos da base, como PSB, PR PDT, PP e PTB não apoiaram a votação imediata. “As MPs todas são importantes, sem exceção. Mas não são mais importantes do que o Senado, que as instituições, que a democracia. O governo não pode apequenar o Senado”, afirmou Renan em plenário na terça-feira, 28, no calor da discussão.
Ao tomar consciência da resistência dos senadores, liderados por Renan Calheiros, o Planalto acionou ministros e líderes para assegurar que buscará alternativas para garantir as tarifas de energia permaneçam mais baixas, como anunciado por Dilma em cadeia nacional de rádio e televisão.
Entres as possibilidades estão a elaboração de um projeto de lei que seria votado em regime de urgência, ou o acréscimo de uma emenda a outra medida provisória que já tramita no Congresso. A Constituição veda reedição de medida provisória sobre o mesmo tema de uma que já tenha sido derrotada ou que tenha caducado. Renan chamou de “anomalia constitucional” o rito de tramitação das medidas provisórias.
Sete dias
O peemedebista alegou que havia se comprometido com as lideranças da base aliada e com o Palácio do Planalto, no polêmico episódio da votação da Medida Provisória dos Portos, há duas semanas, a só colocar em votação os textos que chegassem ao Senado com um prazo de pelo menos sete dias antes do vencimento. Como esse não era o caso da MP da tarifa da energia, Renan deixou claro que não faria novo esforço político para aprovar uma proposta de interesse do Planalto.
A MP 605 permitia o uso de recursos da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) para compensar descontos concedidos a setores e viabilizar a redução da conta de luz. De acordo com o presidente da Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee), Nelson Leite, com a perda de validade da MP poderá haver aumento imediato da tarifa para o consumidor residencial e indústrias de 3,5%, em média.
Às 19h30, quando a situação no Senado ainda era tensa, a ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, fez um comunicado aos jornalistas e “lamentou” a não votação das medidas. “O governo lamenta muito a não colocação em votação de duas medidas provisórias importantes para a população brasileira.”. Antes do comunicado, a ministra se reuniu por diversas vezes ao longo do dia com a presidente.
“A população não precisa se preocupar”, assegurou Gleisi. A ministra não deu detalhes de como o governo vai agir para manter a queda das tarifas. O anúncio da redução da tarifa de energia foi feito por Dilma no dia 23 de janeiro. Foi apontado nos bastidores como um sinal claro de que a presidente já entrava em campanha pela reeleição.
O governo deve assegurar a redução da conta de luz com repasses do Tesouro para a Conta de Desenvolvimento Energético, que vai custear o corte na conta de luz. Terá ainda de fazer um malabarismo fiscal para manter desonerações.