Avaliar quem nas eleições do ano passado exerceu mais influência sobre o voto dos candidato de seus partidos – se os prefeitos eleitos em 2008 ou se os governadores eleitos em 2010 – foi o objetivo da pesquisa. O sucesso eleitoral dos candidatos do PT, do PSDB e do PSB foram separados em quatro grupos ou situações: 1) candidatos do mesmo partido do prefeito e do governador; 2) candidatos do partido só do governador; 3) candidatos do partido só dos prefeitos; 4) e candidatos de partidos políticos diferentes do prefeito da cidade que concorreram e do governador, o que sugere que não tiveram o apoio de nenhum dos chefes das “máquinas” municipal ou estadual.
A partir do cenário ideal de candidatos que concorreram pelo PT, PSDB ou pelo PSB às prefeituras no ano passado, onde governadores e prefeitos tinham o mesmo partido, os cientistas demonstraram, como numa escala, o peso de cada situação sobre o sucesso eleitoral. “Partimos da situação ideal, em que governadores e prefeitos tinham o mesmo partido dos candidatos a prefeito porque parte da contribuição é a capacidade de formar alianças”, considera Gláucio Ary Dillon Soares.
Além da preocupação em relação à governabilidade pós-eleitoral, a reboque da capacidade de formar coalizões, atraindo outros partidos, está o acesso ao maior tempo da propaganda eleitoral gratuita, a maior capacidade de buscar financiamento às campanhas, para não citar as máquinas administrativas, que, com as políticas públicas, têm instrumentos para conquistar eleitores.
Mundo ideal
O “mundo ideal” dos candidatos às prefeituras no ano passado, que tinham o mesmo partido dos prefeitos e dos governadores, foi ainda “mais ideal” nos estados do Nordeste e Norte comandados pelo PSB – Pernambuco, Paraíba, Ceará, Piauí e Amapá – do que nos quatro estados chefiados pelo PT – Acre, Bahia, Rio Grande do Sul e Sergipe – e nos oito estados governados pelo PSDB – Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Goiás, Tocantins, Pará, Rondônia e Alagoas.
“Nos estados governados pelo PSB, 53% dos candidatos socialistas a prefeito foram eleitos naquelas cidades em que os prefeitos também eram do PSB”, afirma Gláucio Soares. “Naqueles estados governados pelo PT, onde os prefeitos também eram do PT, 46% dos candidatos a prefeito do PT venceram”, compara o cientista. Já nos estados tucanos, foi de 38% o sucesso eleitoral dos candidatos do PSDB em cidades de prefeitos tucanos.
Diferentemente, nos estados governados pelo PMDB - Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Rio de Janeiro – ou pelo DEM – Rio Grande do Norte, Santa Catarina e Roraima - o estudo demonstra que os governadores não foram capazes de acrescer força ao peso individual do prefeito. “No DEM e no PMDB, o prefeito conta muito, mas o governador não”, avalia Sonia Terron. “Entre os candidatos a prefeito do DEM, 20,3% do sucesso eleitoral se deu em cidades onde os prefeitos eram do partido”, afirma Sônia, contrapondo essa estatística aos apenas 20% dos casos em que prefeitos eleitos do DEM tiveram o apoio do prefeito e do governador da legenda.
Também no PMDB, 35% dos candidatos eleitos tiveram o respaldo dos prefeitos peemedebistas. Candidatos do PMDB em cidades e estados governados por peemedebistas registraram apenas 36% de sucesso nas urnas. Ou seja, os governadores do PMDB e do DEM não alteraram, nesses casos, a chance de candidatos peemedebistas e democratas se elegerem prefeitos.
O difícil caminho dos "sem apoio"
Candidatos sem qualquer apoio institucional – que não têm nem a máquina municipal nem a estadual – têm, seja em que partido for, probabilidades muito menores de se eleger do que aqueles que contam com pelo menos uma instância de governo a seu favor. É o que também demonstram os estudos realizados pelos cientistas políticos Gláucio Ary Dillon, Sonia Terron e Antonio Carlos Alkmim a partir dos resultados eleitorais de 2008, 2010 e 2012. Apenas 7% dos candidatos do PT nessa situação conquistaram prefeituras municipais no ano passado. Aqueles que tiveram o apoio do prefeito, tiveram cinco vezes mais chance de vencer o pleito. E os candidatos do PT que contaram com o apoio do prefeito e do governador, tiveram probabilidade sete vezes maior de sucesso eleitoral.
No PSB, foram apenas 4% os candidatos eleitos em cidades governadas por prefeitos de outras legendas e em estados não chefiados por socialistas. A chance de ganhar uma eleição no ano passado nessas circunstâncias foi quase oito vezes menor do que entre candidatos que tiveram o apoio do prefeito do partido e 13 vezes menor do que os candidatos que contaram com a sustentação simultânea de prefeitos e de governadores do PSB. No PSDB, o candidato sem apoio institucional teve seis vezes menos chance de ganhar a eleição do que aqueles que contaram com o prefeito tucano e uma probabilidade quase 10 vezes menor do que os candidatos sustentados ao mesmo tempo pelo prefeito e pelo governador.