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Estado de Minas

Pesquisa aponta que prefeitos têm mais potencial para influenciar resultados de eleições

Em 2012, apoio do chefe do Executivo municipal teve peso maior na vitória de candidato do mesmo partido do que o do titular do estado


postado em 31/05/2013 00:12 / atualizado em 31/05/2013 09:47

Os prefeitos têm maior potencial do que os governadores para influenciar os resultados eleitorais em favor dos candidatos de seus partidos que concorrem às prefeituras. Assim foi no ano passado. E os candidatos do mesmo partido que os prefeitos do PT, do PSB ou do PSDB também tiveram, nas cidades onde concorreram, nessa ordem, mais chance de chegar ao sucesso eleitoral. Candidatos petistas em cidades governadas pelo PT se elegeram três vezes mais do que candidatos da legenda que disputaram só com o apoio de governadores do partido. O peso isolado do prefeito socialista para o sucesso do candidato do PSB foi quase duas vezes maior do que o do governador do PSB. Já os prefeitos do PSDB aumentaram uma vez e meia a chance de eleição dos candidatos tucanos em relação àqueles candidatos do partido que concorreram só com o apoio do governador. Em outras palavras, as agremiações partidárias pesaram e muito nas eleições de 2012, e os prefeitos, mais do que os governadores.

É o que sugere estudo realizado pelos cientistas políticos e pesquisadores Gláucio Ary Dillon Soares, Sonia Terron e Antonio Carlos Alkmim, depois de se debruçarem sobre os resultados das eleições estaduais de 2010 e as municipais de 2008 e de 2012. Os dados foram apresentados durante o 2º Workshop Nacional “Como o eleitor escolhe o seu prefeito – As lógicas do voto”, realizado na semana passada, na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), sob a organização da cientista Helcimara Telles, coordenadora do grupo de pesquisa, opinião pública e comportamento eleitoral.

Avaliar quem nas eleições do ano passado exerceu mais influência sobre o voto dos candidato de seus partidos – se os prefeitos eleitos em 2008 ou se os governadores eleitos em 2010 – foi o objetivo da pesquisa. O sucesso eleitoral dos candidatos do PT, do PSDB e do PSB foram separados em quatro grupos ou situações: 1) candidatos do mesmo partido do prefeito e do governador; 2) candidatos do partido só do governador; 3) candidatos do partido só dos prefeitos; 4) e candidatos de partidos políticos diferentes do prefeito da cidade que concorreram e do governador, o que sugere que não tiveram o apoio de nenhum dos chefes das “máquinas” municipal ou estadual.

A partir do cenário ideal de candidatos que concorreram pelo PT, PSDB ou pelo PSB às prefeituras no ano passado, onde governadores e prefeitos tinham o mesmo partido, os cientistas demonstraram, como numa escala, o peso de cada situação sobre o sucesso eleitoral. “Partimos da situação ideal, em que governadores e prefeitos tinham o mesmo partido dos candidatos a prefeito porque parte da contribuição é a capacidade de formar alianças”, considera Gláucio Ary Dillon Soares.

Além da preocupação em relação à governabilidade pós-eleitoral, a reboque da capacidade de formar coalizões, atraindo outros partidos, está o acesso ao maior tempo da propaganda eleitoral gratuita, a maior capacidade de buscar financiamento às campanhas, para não citar as máquinas administrativas, que, com as políticas públicas, têm instrumentos para conquistar eleitores.

Mundo ideal

O “mundo ideal” dos candidatos às prefeituras no ano passado, que tinham o mesmo partido dos prefeitos e dos governadores, foi ainda “mais ideal” nos estados do Nordeste e Norte comandados pelo PSB – Pernambuco, Paraíba, Ceará, Piauí e Amapá – do que nos quatro estados chefiados pelo PT – Acre, Bahia, Rio Grande do Sul e Sergipe – e nos oito estados governados pelo PSDB – Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Goiás, Tocantins, Pará, Rondônia e Alagoas.

“Nos estados governados pelo PSB, 53% dos candidatos socialistas a prefeito foram eleitos naquelas cidades em que os prefeitos também eram do PSB”, afirma Gláucio Soares. “Naqueles estados governados pelo PT, onde os prefeitos também eram do PT, 46% dos candidatos a prefeito do PT venceram”, compara o cientista. Já nos estados tucanos, foi de 38% o sucesso eleitoral dos candidatos do PSDB em cidades de prefeitos tucanos.

Diferentemente, nos estados governados pelo PMDB - Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Rio de Janeiro – ou pelo DEM – Rio Grande do Norte, Santa Catarina e Roraima - o estudo demonstra que os governadores não foram capazes de acrescer força ao peso individual do prefeito. “No DEM e no PMDB, o prefeito conta muito, mas o governador não”, avalia Sonia Terron. “Entre os candidatos a prefeito do DEM, 20,3% do sucesso eleitoral se deu em cidades onde os prefeitos eram do partido”, afirma Sônia, contrapondo essa estatística aos apenas 20% dos casos em que prefeitos eleitos do DEM tiveram o apoio do prefeito e do governador da legenda.

Também no PMDB, 35% dos candidatos eleitos tiveram o respaldo dos prefeitos peemedebistas. Candidatos do PMDB em cidades e estados governados por peemedebistas registraram apenas 36% de sucesso nas urnas. Ou seja, os governadores do PMDB e do DEM não alteraram, nesses casos, a chance de candidatos peemedebistas e democratas se elegerem prefeitos.

O difícil caminho dos "sem apoio"

Candidatos sem qualquer apoio institucional – que não têm nem a máquina municipal nem a estadual – têm, seja em que partido for, probabilidades muito menores de se eleger do que aqueles que contam com pelo menos uma instância de governo a seu favor. É o que também demonstram os estudos realizados pelos cientistas políticos Gláucio Ary Dillon, Sonia Terron e Antonio Carlos Alkmim a partir dos resultados eleitorais de 2008, 2010 e 2012. Apenas 7% dos candidatos do PT nessa situação conquistaram prefeituras municipais no ano passado. Aqueles que tiveram o apoio do prefeito, tiveram cinco vezes mais chance de vencer o pleito. E os candidatos do PT que contaram com o apoio do prefeito e do governador, tiveram probabilidade sete vezes maior de sucesso eleitoral.

No PSB, foram apenas 4% os candidatos eleitos em cidades governadas por prefeitos de outras legendas e em estados não chefiados por socialistas. A chance de ganhar uma eleição no ano passado nessas circunstâncias foi quase oito vezes menor do que entre candidatos que tiveram o apoio do prefeito do partido e 13 vezes menor do que os candidatos que contaram com a sustentação simultânea de prefeitos e de governadores do PSB. No PSDB, o candidato sem apoio institucional teve seis vezes menos chance de ganhar a eleição do que aqueles que contaram com o prefeito tucano e uma probabilidade quase 10 vezes menor do que os candidatos sustentados ao mesmo tempo pelo prefeito e pelo governador.


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