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Estado de Minas

Afagos do governo Dilma tentam estancar crise entre PT e a base aliada

Caciques do PMDB se reúnem com a presidente Dilma em busca de uma solução para resolver os problemas de relacionamento na aliança com o PT e na base aliada no Congresso Nacional


postado em 03/06/2013 06:00 / atualizado em 03/06/2013 07:54

Paulo de Tarso Lyra

Renan Calheiros, Dilma Rousseff e Michel Temer: momento para avaliar o cenário descompensado(foto: Pedro Ladeira/AFP - 13/3/13)
Renan Calheiros, Dilma Rousseff e Michel Temer: momento para avaliar o cenário descompensado (foto: Pedro Ladeira/AFP - 13/3/13)

Brasília – Principal aliado da base governista, mas com potencial para complicar o projeto de reeleição de Dilma Rousseff, o PMDB deve reunirnesta segunda-feira sua cúpula com a própria presidente para uma análise dos problemas detectados nas últimas semanas na relação entre eles. Dilma estará reunida com o presidente do Senado, Renan Calheiros (AL); da Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN); e com o vice-presidente Michel Temer.

Não será esta a primeira vez que a presidente se vê obrigada a afagar seu fiel escudeiro. No ano passado, quando resolveu destituir Romero Jucá (PMDB-RR) do posto de líder do governo no Senado, colocando em seu lugar o senador Eduardo Braga (AM), ela teve que promover um jantar com os caciques do partido para não deixar a imagem de que estaria fazendo uma desfeita. Braga integrava o chamado G8, grupo de senadores que incluía Pedro Simon (RS), Jarbas Vasconcelos (PE) e Roberto Requião (PR), entre outros, independentes em relação ao Planalto e ao comando partidário.

A relação, no entanto, sempre foi conflituosa. O momento atual, agravado pela vitória tumultuada na MP dos Portos – na qual uma emenda do líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha (RJ), quase pôs tudo a perder – e pela recusa do presidente do Senado, Renan Calheiros, a colocar em votação a medida provisória que criava um fundo para compensar as concessionárias de energia pela diminuição das contas de luz, é mais um capítulo desastroso do casamento entre o PT e o PMDB.

Na verdade, o cenário descompensado de agora potencializa problemas que se acumulam há tempos. O PMDB, por exemplo, jamais esqueceu o fato de que entre o governo de Luiz Inácio Lula da Silva e o governo Dilma ele simplesmente encolheu. “Tínhamos o Ministério da Saúde e a Integração Nacional, pasta com capilaridade e dinheiro. Hoje, temos o Turismo com 70% do orçamento contingenciado, e a Agricultura, que se acotovela com o Ministério do Desenvolvimento Agrário na elaboração de políticas públicas para o setor”, reclama um cacique peemedebista. “Oitenta por cento de nós defendem a reeleição de Dilma. Mas 100% querem ser reeleitos. É fundamental compatibilizar as duas coisas”, completou outra liderança do PMDB.

Pela divisão de tarefas, a expectativa é de que Renan exponha os problemas enfrentados com o PMDB no Senado; Henrique na Câmara; e Temer, as queixas gerais do partido. Escolhido pela própria Dilma como porta-voz da legenda com o Planalto, o vice-presidente tem sido visto com desconfiança pelos próprios correligionários ultimamente. Ele estaria sendo acusado de ser mais “governista do que peemedebista” nessas negociações. “Renan e Henrique, se forem questionados, poderão também opinar sobre o comportamento da base aliada. Mas tem tanto problema em relação ao PMDB que isso deve ficar para outra reunião”, ironizou um cacique do partido.

TRAPALHADAS A presidente Dilma aprendeu, nas últimas três semanas, a infinita capacidade da política de oscilar entre momentos bons e ruins. Depois da vitória na aprovação da MP dos Portos, com o auxílio do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), ela mergulhou em um inferno astral nos últimos 15 dias. Trapalhadas do governo com o Bolsa-Família; “pibinho” (Produto Interno Bruto) de 0,6%, abaixo até mesmo do que o analista financeiro mais pessimista imaginava; alta de juros para conter a inflação; e uma crise incontrolável com o PMDB e a base aliada.

O debate eleitoral antecipado de 2014 é apontado como um dos responsáveis pela crise política. Na visão de muitos integrantes da base de apoio do governo, essa discussão cega diversos escalões da Esplanada. “À exceção do ministro da Educação, Aloizio Mercadante, que desistiu de disputar o governo de São Paulo no ano que vem, todos os demais ministros estão pensando apenas ‘em seus quadrados’. Mercadante é o único que consegue articular pelo governo”, confidenciou à reportagem um senador governista.

Na agenda

A presidente Dilma Rousseff embarca hoje de manhã para o Rio Grande do Norte, onde participa da cerimônia de assinatura de atos e entrega de 101 máquinas retroescavadeiras e 70 motoniveladoras a municípios do estado nordestino. Dilma retorna para Brasília no meio da tarde.


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