Com cinco possíveis nomes para concorrer ao governo de Minas – quatro tucanos, além do vice-governador Alberto Pinto Coelho (PP) –, os partidos alinhados ao governo Antonio Anastasia (PSDB) se reuniram ontem para sinalizar com a “unidade” aos líderes políticos e prefeitos, elos importantes da sucessão estadual. Foi anunciada a formação de um movimento multipartidário, que trabalhará pela união das forças aliadas, em resposta à movimentação política de Fernando Pimentel (PT), ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e ex-prefeito de Belo Horizonte, que será candidato de oposição ao Palácio da Liberdade.
Ao mesmo tempo, o movimento multipartidário, ainda sem estratégia de atuação definida, empurrou para outubro a definição em torno do nome do candidato à sucessão do governador Antonio Anastasia (PSDB), dando tempo ao senador Aécio Neves, presidente nacional do PSDB e pré-candidato ao Palácio do Planalto, de articular palanques regionais pelo país. A expectativa é de que esses palanques se traduzam também em novos aliados dos tucanos para a disputa à Presidência da República. “Os condutores desse processo serão o senador Aécio Neves e o governador Antonio Anastasia”, disse ontem Alberto Pinto Coelho, que trabalha para fortalecer o seu nome em Minas e no PP nacional, pela neutralidade da legenda, que faz parte da base de sustentação da presidente Dilma Rousseff (PT) e detém o Ministério das Cidades.
Na base do governo Anastasia também são postulantes à indicação do PSDB o presidente da Assembleia Legislativa, Dinis Pinheiro; o presidente estadual do partido, o deputado federal Marcus Pestana; o secretário de Estado de Ciência e Tecnologia, Nárcio Rodrigues; e o deputado federal Rodrigo de Castro. Além de achar um candidato sem perder apoios, há outra dificuldade: muitos dos partidos políticos que dão sustentação ao PSDB em Minas são também base do governo Dilma. Essas siglas estarão sob pressão para engordar os apoios não só a Fernando Pimentel, também como à reeleição da presidente da República. É o caso do PSD, do PR e do PDT, todos com postos no primeiro escalão do governo federal, além do PTB, que está na base de Dilma. Diferente situação vivem o PPS – futuro MD – e o DEM, que são oposição no plano nacional e, em Minas, integram a sustentação do governo Anastasia e também aderiram ao movimento multipartidário de unidade da base tucana.
Representado por Alexandre Silveira, secretário de Estado de Gestão Metropolitana, o PSD tenta puxar o seu partido para o campo de Aécio Neves. “Intensificamos as conversas com Gilberto Kassab (presidente nacional da legenda), para liberar o diretório de Minas”, afirmou. Segundo Silveira, sete deputados estaduais estão dispostos a, junto com ele, deixar o partido, caso, em Minas, sustente a candidatura de Fernando Pimentel e de Dilma Rousseff.
Questão de sobrevivência
No PR, o presidente estadual da legenda, deputado federal Aelton Freitas, é cauteloso: “O PR conseguiu, nas três últimas eleições, ser base do governo em Minas e do governo federal. Essa eleição tem um diferencial, que é o fato de Aécio ser o candidato. Mas o PR não decidiu ainda quem apoiar. Precisamos buscar a nossa sobrevivência”, afirma o parlamentar, em referência às chapas proporcionais, principalmente para deputado federal, que precisa conquistar no mínimo seis cadeiras na Câmara dos Deputados para manter o mandato dos atuais parlamentares do PR. “Gostamos da administração Anastasia e estamos satisfeitos com o governo. Mas também gostamos e estamos satisfeitos com a Dilma. Vamos debater a questão à exaustão e participar de todas as reuniões dos dois lados”, disse Aelton.
Já o PDT, que tem o Ministério do Trabalho, pende para o PSDB em Minas. “Nosso direcionamento aqui é apoiar o grupo de Aécio, com quem estamos desde 2002”, afirma o deputado estadual Sargento Rodrigues. “Em relação à candidatura do grupo, somos unânimes em dizer que, no momento, o mais importante é a nossa unidade”, afirmou Rodrigues, lembrando que o presidente nacional do PDT, Carlos Luppi, tende a apoiar a candidatura de Aécio Neves. Também na base de Dilma Rousseff, o PTB em Minas estará ao lado de Aécio. Mas, segundo o deputado estadual Dilzon Mello, neste momento, como presidente da legenda, a maior preocupação é montar as chapas proporcionais do partido. “Integramos o governo Anastasia, o apoiamos e queremos ver a continuidade. Mas vamos pensar nisso em outubro”, disse durante o encontro dos partidos aliados.