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A Polícia Federal foi acionada e vai apurar o episódio. Outros quatro índios estavam com Josiel na hora do ataque - dois estavam desaparecidos até as 21h de terça-feira, 4. Os índios de Sidrolândia, a 70 km da capital, receberam apoio de outros movimentos sociais do Mato Grosso do Sul, como o dos Sem Terra e o Movimento Camponês de Luta pela Reforma Agrária, dissidência do MST que auxilia na organização de marcha de protesto que chega nesta quarta-feira, 5, a Campo Grande.
Resistência
Aos gritos de “Oziel Terena” - o índio morto em conflito com a polícia na semana passada -, cerca de 200 manifestantes receberam os irmãos e a mãe de Oziel, Maria de Fátima, à beira da BR-163, a 25 km da capital. O índio foi assassinado durante despejo na Fazenda Buriti, uma das áreas que, segundo os manifestantes, estão no que a Funai já estabeleceu como Terra Indígena Buriti, em disputa desde 1993.
“Mataram nosso irmão, mas não vão nos parar”, gritou Elizur Gabriel, irmão mais velho de Oziel, um dia após o enterro na aldeia Córrego do Meio, onde vive a família.
Os terena querem a posse de 17,3 mil hectares que julgam lhes pertencer, hoje ocupados por fazendas e até áreas urbanas. “Nós não queremos o Brasil todo”, afirmou Elizur. “Queremos essas terras para deixar para nossos filhos e netos. O governo gasta dinheiro até com o futebol, Copa do Mundo, e não tem dinheiro para garantir as nossas terras.”
Segundo o irmão mais velho de Oziel, os índios não aguentam mais esperar por soluções de governo. Eles ocuparam na segunda-feira, 3, mais duas fazendas: Lindoia e São José, vizinhas da área do conflito. E prometem retomar novas terras nos próximos dias. A Buriti é de propriedade do ex-deputado Ricardo Bacha (PSDB), que obteve na Justiça ordem de reintegração de posse, executada pela polícia na semana passada.
O advogado Newley Amarilla, que defende Bacha, afirmou que vence nesta quarta-feira, 5, prazo dado pela Justiça para que os índios desocupem a Buriti. Segundo ele, os índios e a Funai foram notificados na segunda-feira, 3, de que teriam 48 horas para deixar o local. Conforme decisão da juíza Raquel do Amaral, da Justiça Federal do Mato Grosso do Sul, se a retirada não for feita, a União estará sujeita a multa diária de R$ 1 milhão. Colaborou Lúcia Morel.