Jornal Estado de Minas

Ministro indicado para o STF evita polemizar com evangélicos

Durante sabatina no Senado, Luís Roberto Barroso disse que as pessoas vivem hoje uma época da tolerância" com os outros.

Agência Estado
Barroso tem sido criticado por grupos religiosos que são contra a união homoafetiva e o aborto de fetos anencefálicos - Foto: Geraldo Magela/Agência Senado
Brasília
- O advogado Luís Roberto Barroso afirmou na manhã desta quarta-feira, em sabatina na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, que as pessoas vivem hoje uma "época da tolerância" com os outros. "Nós vivemos a época da tolerância, a época em que se deve respeitar todas as possibilidades de vida. A verdade não tem dono", disse.
Barroso tem sido criticado por grupos religiosos que são contra a união homoafetiva, o aborto de fetos anencefálicos e as pesquisa com células tronco embrionárias. O indicado para o Supremo Tribunal Federal (STF) disse que tem respeito e consideração "por todas as pessoas que pensam diferente de mim". Ele citou o exemplo de que seis cristãos não podem, por ser maioria, retirar de um ambiente duas pessoas muçulmanas. Ele responde agora a perguntas dos integrantes da CCJ.

Política

Na sabatina, Barroso disse também que o problema da judicialização da política, em maior ou menor grau, está no Congresso Nacional. "A judicialização das questões políticas é inevitável no mundo contemporâneo", disse, ao observar que esse não é uma questão afeta apenas à democracia brasileira.

Na sua exposição, Barroso destacou que decisões políticas devem ser tomadas por aqueles que "concretizam a maioria", ou seja, por quem foi eleito pelo voto, como representantes do Poder Legislativo e Executivo. Para ele, decisões jurídicas, por sua vez, devem ser tomadas pelo Supremo ou pelo Poder Judiciário no momento de interpretar a Constituição e as leis.

Como exemplo de decisão política, o advogado citou o caso da lei que permitiu as pesquisas com células tronco embrionárias. E no caso de decisão jurídica, por omissão do Congresso, ele mencionou a decisão de estender a lei do direito de greve na iniciativa privada ao serviço público. "O judiciário não pode nem deve sobrepor a sua própria valoração política sobre a de quem foi eleito", afirmou. Após a exposição inicial, Barroso começará a responder as perguntas dos integrantes da CCJ.