Brasília - Numa reação à exoneração, nessa terça-feira, do infectologista Dirceu Greco da direção do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais, os diretores-adjuntos do órgão, Eduardo Barbosa e Rui Burgo, pediram demissão na manhã desta quarta-feira. A crise no programa, que durante anos foi reconhecido internacionalmente pela sua qualidade, foi deflagrada nessa terça-feira com a suspensão, determinada pelo ministro da Saúde, Alexandre Padilha, de uma campanha para combater o preconceito às profissionais do sexo.
A campanha, lançada no fim de semana pelo departamento nas redes sociais, trazia peças com mensagens de prevenção. Numa das peças uma profissional do sexo afirma: "Eu sou feliz sendo prostituta." Embora elogiada por médicos especialistas na prevenção de aids e por integrantes de organizações não governamentais, a iniciativa provocou polêmica. Padilha recuou, mandou tirar a peça da página na manhã de ontem (4), dia em que o jornal "O Estado de S.Paulo" publicou uma reportagem sobre a campanha. À noite, exonerou Greco e determinou a retirada de todo material, para "avaliação".
Padilha afirmou que as peças, que estavam em teste, não haviam sido aprovadas pela Assessoria de Comunicação Social e não atendiam os objetivos de prevenção. Esta é a terceira vez que o ministro determina a retirada de material com potencial de polêmica. Em março deste ano, como a reportagem revelou, ele determinou a suspensão da distribuição de um kit educativo. No ano passado, a campanha de carnaval, com foco em jovens gays, também teve sua veiculação suspensa. A justificativa dada na época era a de que o material era de divulgação restrita.