A promulgação da proposta de emenda à Constituição (PEC) que cria quatro tribunais federais no país – um deles exclusivo para Minas Gerais – foi motivo de comemoração no meio jurídico do estado, mas está longe de pôr um ponto final na polêmica em torno do assunto. Logo depois que o deputado André Vargas (PT-PR), em exercício na Presidência do Congresso Nacional, promulgou a emenda, o presidente do Legislativo, Renan Calheiros (PMDB-AL), que havia se negado a assinar o ato, divulgou nota afirmando que o texto contém erro que pode gerar ações na Justiça.
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Vice da PGR defende a criação de TRFsSenado não vai ao STF contra novos TRFs, diz CascaisMinistros do STF divergem sobre criação de tribunais regionais federaisNovo Tribunal Federal em Minas já tem sede definidaA PEC foi aprovada em abril pelos senadores, e há quase dois meses os defensores da matéria aguardavam a sua promulgação – negada pelo presidente do Congresso, a quem cabe a tarefa. Além do erro formal, há quem alegue um vício de origem no texto, o que também poderia ser questionado judicialmente. O argumento é de que apenas o Superior Tribunal de Justiça (STJ) poderia apresentar um projeto ao Congresso –a matéria aprovada é de autoria do então senador mineiro Arlindo Porto (PTB) e tramitou na Casa durante 12 anos.
O assunto poderá agora chegar ao Supremo Tribunal Federal (STF), por meio de uma ação direta de inconstitucionalidade (Adin). O presidente do STF, Joaquim Barbosa, contrário à proposta, chegou a reclamar da aprovação dos novos tribunais federal durante encontro com representantes da magistratura, sob o argumento que a aprovação correu de forma “sorrateira” e “à base de cochichos”. Ontem, o presidente da Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe), Nino Toldo, afirmou que o ministro deve se declarar impedido de participar de um possível julgamento.
SUFICIENTE Durante a sessão de promulgação da criação dos quatro TRFs, em Minas, Manaus, Paraná e Bahia, o deputado André Vargas disse que houve tempo suficiente para que as correntes contrárias se manifestassem. “Mesmo 12 anos depois de a PEC ter sido apresentada, ainda há quem diga que não houve tempo suficiente para debatê-la”, completou o parlamentar, que ocupa interinamente a Presidência do Congresso em razão da viagem do titular, Renan Calheiros, a Portugal, e havia avisado na semana passada que aproveitaria a interinidade para promulgar a PEC.
O presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), favorável à PEC, ponderou que a criação dos tribunais foi amplamente debatida. “Eu acho que é dever do Congresso promulgar”, disse, ao justificar que a Câmara e o Senado aprovaram o texto, inclusive na Comissão de Constituição e Justiça, que examina a admissibilidade e constitucionalidade dos projetos. (Com agências)