“Se não parar , com certeza, vamos fazer novas ocupações. Se não parar, não vamos aceitar as consultas, que deveriam ter sido feitas antes de qualquer coisa. Já que as obras estão em andamento, é preciso que elas parem, o governo faça a consulta, para só depois dar encaminhando”, disse Valdenir Munduruku, liderança da Aldeia Teles Pires, em Jacareacanga (PA), após participar, nesta sexta-feira, de entrevista ao programa Amazônia Brasileira, da Rádio Nacional da Amazônia, em Brasília.
Valdenir Munduruku enfatizou que a mobilização e os protestos vão continuar mesmo diante do risco de novos conflitos que podem levar à morte de índios. A estimativa, segundo Valdenir Munduruku, é que pelo menos 80 das 118 aldeias existentes na região sejam inundadas.
Leia Mais
Índios, fazendeiros e MPF defendem indenização para solucionar conflitosÍndios Terenas vão a Brasília e querem falar com DilmaMinistro Carvalho diz que índios serão ouvidos sobre obrasJuiz determina saída de colonos de área indígena no MTEles esperam se reunir com o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho mais uma vez. Na última terça-feira, aproximadamente 140 indígenas mundurukus foram recebidos por ele e por representantes de outros órgãos do governo para discutir a suspensão de empreendimentos energéticos na Amazônia, além de outras reivindicações.
O ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, já sinalizou que as obras da Usina Hidrelétrica de Belo Monte não vão parar, embora o governo vá aceitar "todas as formas de protesto democrático".
Secretaria-Geral reafirmou a disposição do governo federal de dialogar com os mundurukus, conforme carta assinada pelo ministro Gilberto Carvalho, apresentada ontem (6). No texto, Carvalho ressalta a intenção de “fazer um processo participativo de consulta”, com base na Convenção 169 e na Constituição Federal, para que os mundurukus e outras etnias afetadas pelos projetos possam se manifestar.
A declaração foi em resposta a uma carta entregue ao ministro, na noite de quarta-feira (5), em que os índios cobravam “uma manifestação oficial do governo brasileiro, declarando se será ou não respeitada a nossa decisão final, de forma vinculante e autônoma, sobre o processo de consulta proposto”. Pela mesma razão, os índios protestaram, ontem, em frente ao Palácio do Planalto.
A secretaria também lembrou que o ministro informou aos mundurukus, na reunião de terça-feira (4), que o governo federal tomará as medidas necessárias para evitar novas ocupações dos canteiros de obras da Usina Hidrelétrica de Belo Monte.