Jornal Estado de Minas

TRF de Minas não deve enfrentar questionamentos

Principal opositor da criação do tribunal em Minas, senador Pedro Taques não vai entrarcom ação no STF. Iniciativa caberia ao Ministério Público, que já se manifestou a favor

Daniel Camargos
Prédio do extinto Tribunal de Alçada, no Bairro Santa Efigênia, está disponível para abrigar o TRF mineiro - Foto: Maria Tereza Correia/EM/D.A Press Apesar das críticas, a criação de quatro Tribunais Regionais Federais (TRF’s) – promulgada pelo Congresso na quinta-feira – ainda não encontrou um opositor capaz de tentar impedi-la no Supremo Tribunal Federal (STF). O senador Pedro Taques (PDT-MT), um dos principais adversários da proposta no Congresso, afirma que ainda cabe representação, mas que a iniciativa deve partir da Procuradoria Geral da República (PGR), que por sua vez se manifestou favorável.
 “O caminho é uma ação no STF e a PGR pode fazer uma ação direta de inconstitucionalidade (Adin)”, entende o senador. Porém, ele não entrará com uma ação em conjunto com o partido, pois entre seus correligionários vários concordam com a criação dos tribunais.

Já a subprocuradora-geral da República, Deborah Duprat, disse que é favorável à criação de mais quatro tribunais federais, um deles exclusivamente para Minas Gerais. “Eu concordo e já disse isso publicamente. Eu acho que a criação dos TRFs é um desdobramento da interiorização da Justiça Federal”, defendeu. O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, está na Espanha, mas quando foi perguntado sobre a questão não opinou. Ele disse apenas que a questão poderia ser judicializada, mas não deixou claro se a iniciativa partirá da PGR.

Quem se manifestou contra foi o presidente do STF, Joaquim Barbosa. Questionado após a promulgação pelo Congresso, o presidente respondeu com desdém e em inglês: “Who cares? (Quem se importa?) Nada a dizer”. Na análise dele, outras soluções poderiam ser adotadas para escoar os processos de primeiro grau da Justiça Federal sem gastar tanto dinheiro.

A subprocuradora Deborah Duprat deixou claro que se depender dela, não haverá questionamento. “Mas eu não sei qual a posição do doutor Gurgel. Eu não vejo qualquer inconstitucionalidade nessas PECs (propostas de emenda à Constituição)”. A subprocuradora é uma das três candidatas escolhidas em lista tríplice pela categoria para ocupar a chefia do Ministério Público a partir de agosto.

O juiz da 3ª Vara Federal, Ricardo Machado Rabelo, que é diretor da Associação dos Juízes Federais de Minas Gerais (Ajufemg), entende que há uma convergência total pela criação e não acredita que haverá mais uma batalha jurídica. “Já nos reunimos com o presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Felix Fischer, e ele se manifestou dizendo que é absolutamente legal e que vai mandar até agosto a lei ordinária para o Congresso”, afirmou.

Instalação

A expectativa de magistrados e advogados é de que a instalação da unidade doTRF em Belo Horizonte ocorra já no ano que vem. Para isso é necessário que o STJ mande a lei para o Congresso e que ela seja aprovada. Atualmente as ações envolvendo Minas Gerais tramitam no TRF1, com sede em Brasília e que engloba 13 estados e o Distrito Federal. Ainda não se sabe qual estrutura será criada em Belo Horizonte, mas a Associação dos Juízes Federais de Minas Gerais (Ajufemg) já sugeriu ao STJ o número de 29 desembargadores – com a possibilidade de reduzir para pelo menos 21.

A promulgação da proposta de emenda à Constituição (PEC) que cria quatro tribunais federais no país, sendo um exclusivo para Minas Gerais, foi aprovada em abril pelos senadores, e havia quase dois meses que os defensores da matéria aguardavam a sua promulgação – negada pelo presidente do Congresso, Renan Calheiros (PMDB-AL) a quem caberia a tarefa. Coube ao vice-presidente do Congresso, André Vargas (PT-PR), fazer isso.