Juliana Cipriani
Sindicalista, Armando Ziller foi eleito em meio a repressões aos partidários comunistas. Era membro do PCB desde 1942 e liderava em Minas um movimento pela manutenção de ideais marxistas. Foi presidente do sindicato e da federação dos bancários e dirigente das confederações nacional e internacional da mesma categoria.
Assim como Prestes, teve o mandato extinto em janeiro de 1948, quando o governo Dutra colocou o chamado “partidão” de volta à clandestinidade. Fundado em 1922, o PCB foi colocado na ilegalidade já no ano de sua fundação. Anos depois, na década de 1940, já tendo Prestes em sua liderança, conseguiu o registro eleitoral e elegeu uma forte bancada. Em 1947, o PCB teve o registro cassado mais uma vez pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que comunicou às assembleias a destituição do partidão.
Um dos filhos de Armando Ziller, o publicitário Arnaldo Ziller, de 73 anos, disse que, embora tardia, a iniciativa corrige um estado de exceção vivido no país. Segundo ele, o país está recuperando a memória de políticos que foram massacrados injustamente. “Ele (Ziller) sempre foi um homem de caráter irreprovável, de posição e atitude, conduziu muito bem a liderança no sindicato e confederação e representou muito bem o Brasil em congressos no exterior. Para nós, é uma satisfação quando há o reconhecimento da sociedade ao corrigir essa situação”, afirmou.
EXILADO Além da homenagem na Assembleia de Minas, que deve ocorrer ainda neste semestre, a família de Ziller luta para obter indenização na Comissão de Anistia do Ministério da Justiça. Isso porque Ziller, além de ter o mandato cassado, ficou quase 20 anos fora do país para não ser preso durante o regime militar. Ele era aposentado do Banco do Brasil em 1964 e atuava como professor em Genebra, na Suíça, quando foi deflagrado o golpe. Mesmo fora do país, foi julgado e condenado a anos de prisão e só pôde voltar ao país em 1980, depois da anistia concedida pelo governo Figueiredo.
“Estamos aguardando o resultado do processo. Ele foi perseguido e julgado à revelia porque não estava no país e nossa família foi desmembrada por 17 a 18 anos, enquanto durou a ditadura. Há um prejuízo muito grande não só na formação familiar, mas na trajetória política que meu pai teria e foi cortada”, afirmou Arnaldo Ziller. Autora da proposta de devolução do mandato, a deputada estadual Luzia Ferreira (PPS) disse que o ato é importante para a democracia. “É um reconhecimento da legitimidade de um mandato que o povo deu a ele e um ato contra a ausência de liberdade”, afirmou a parlamentar. Ziller morreu em maio de 1992 de ataque cardíaco.