Conhecida pelo seu perfil de gestora, a presidente Dilma Rousseff tem dificuldades para administrar pelo menos uma área da sua vida presidencial: a agenda de viagens. Cancelamentos de última hora viraram ocorrências comuns e nem surpreendem mais seus auxiliares. Desde que assumiu o governo, em 2011, Dilma já cancelou pelo menos 16 viagens, nacionais e internacionais, algumas com poucas horas de antecedência. Mais do que um simples problema de agenda, os cancelamentos presidenciais custam dinheiro ao País.
Em uma das visitas nacionais preparadas para a presidente são deslocadas, em média, 35 pessoas, entre assessores, cerimonial e seguranças que vão no chamado Esqav, o Esquadrão Avançado, que chega dias antes para preparar o local onde Dilma será recebida.
Cada um dos viajantes recebe uma diária de, em média, R$ 200, variando para mais ou menos de acordo com a cidade e também com a graduação do cargo. Os chamados DAS 5 e 6 têm valores mais altos, assim como militares mais graduados. Desde que assumiu a presidência, Dilma já cancelou pelo menos 12 viagens nacionais com pouca antecedência.
A mais recente na semana passada, quando a Presidência confirmou sua ida a Foz do Iguaçu no final da tarde de segunda, emitiu o comunicado, e às 13 horas de terça cancelou. A justificativa do Palácio do Planalto para a mudança de agenda foi o risco de manifestações em Foz do Iguaçu.
Já houve casos em que a presidente deixou esperando governadores que cancelaram compromissos anteriores para encontrá-la e foram avisados com um dia de antecedência de que Dilma não iria mais. No seu primeiro mês de governo, a presidente decepcionou o prefeito e os vereadores da cidade de Candiota, no Rio Grande do Sul. Além de inaugurar a terceira fase de uma usina termelétrica Dilma iria receber o título de cidadã honorária. O prefeito foi avisado às 22 horas da noite anterior que a presidente não iria, mas não a razão. A presidente ficou em Porto Alegre.
Exterior
Dilma também já cancelou em cima da hora quatro viagens internacionais. A primeira delas foi ainda em 2011, ao Paraguai, onde participaria das cerimônias do bicentenário do país. Dessa vez, a justificativa foi uma recomendação médica, já que Dilma recuperava-se de uma pneumonia. Este ano, a presidente cancelou com dois dias de antecedência uma visita a Argentina para poder ir ao velório do ex-presidente venezuelano Hugo Chávez.
No entanto, Dilma também deixou esperando chefes de Estado sem justificativas tão sérias. Em julho do ano passado, decidiu dois dias antes não ir mais para Adis Abeba, na Etiópia, onde era convidada especial da Cúpula da União Africana. A presidente considerou a viagem longa para ficar apenas 14 horas na cidade e nem mesmo discursar.