Um grupo composto por 13 parlamentares e 10 lideranças indígenas tem reunião marcada para o dia 20 na Câmara dos Deputados para discutir as informações contidas no recém-resgatado Relatório Figueiredo. Mais atual do que nunca, o documento, feito em 1967 e 1968 a pedido do Ministério do Interior e que descreve matanças de índios em todo o país, tem suscitado discussões entre indigenistas e produtores rurais. Recentemente, uma carta endereçada à presidente da República Dilma Rousseff, assinada pelo Comitê Nacional de Defesa dos Povos Indígenas de Mato Grosso do Sul (Condepi-MS), citou o relatório para argumentar em defesa de demarcações de terras e pedir a ela para intervir pessoalmente a favor dos povos indígenas. Uma audiência pública realizada em 22 de maio na Comissão de Direitos Humanos do Senado também debateu o documento e encaminhou pedido ao Ministério da Justiça para que os crimes nele descritos sejam investigados.
A carta enviada à presidente cita uma parte do documento que descreve esbulho de terras indígenas em Douradinhos (MS), ocorrido após a promulgação da Lei 1.077, em 1° de abril de 1958. O território é hoje disputado por 12 mil índios terena e guarani, que dividem uma área de menos de 35 km². Na terça-feira, um índio terena foi atingido por um tiro na nuca em Sindrolândia (MS), a cerca de 180 quilômetros de lá. Seu primo, o índio Oziel Gabriel, de 35 anos, foi morto por um tiro em 30 de maio no mesmo município.