Uma guerra na Justiça Eleitoral está sendo travada pelo controle da Prefeitura de Lavras, no Sul de Minas. O alvo é o prefeito Marcos Cherem (PSD), eleito em outubro passado com 46% dos votos válidos. Contra ele há cinco ações impetradas pelo adversário Silas Pereira (PSDB), ex-reitor da Universidade Federal de Viçosa e segundo colocado na disputa eleitoral, com 37% dos votos válidos. Nessa segunda-feira, o juiz Rodrigo de Melo Oliveira - da Comarca de Lavras - deu decisão favorável, em primeira instância, a Silas e determinou a cassação de Cherem.
O juiz entendeu que houve descumprimento de ordem judicial, por parte de apoiadores do prefeito eleito, ao postarem no Facebook cópia do panfleto apreendido pela Justiça, vinculando Silas a um esquema de desvio de verba pública. “Não é verdade”, reage o deputado estadual Fábio Cherem (PSD), irmão do prefeito. Marcos, por sua vez, postou nessa segunda-feira, também no Facebook, nota comentando que novamente foi “surpreendido” pela cassação. “Deixo claro que não divulguei, curti ou compartilhei tal postagem e que jamais tive qualquer participação na realização desta em nenhum momento durante o período eleitoral”, sustenta Marcos Cherem.
Em contrapartida, o advogado Flávio Henrique Pereira, que é filho de Silas, conta que a versão da família Cherem não está correta. Segundo ele, Marcos Possato, atual presidente da Câmara de Lavras, foi o responsável por um panfleto que vinculava o nome de Silas a desvio de recursos públicos. No processo julgado pelo juiz Rodrigo de Melo Oliveira, consta que o CNPJ do então candidato a vereador, Marcos Possato, e um cheque assinado por ele, no valor de R$ 3.600, teriam sido encontrados na gráfica onde o material foi rodado.
O deputado Fábio Cherem saiu, mais uma vez, em defesa do irmão. Em tom de brincaceira, ele afirma que tudo não passou de uma “curtida mortal”. Ele se refere ao fato de a irmã de Possato, Maria Aparecida, ter curtido “uma postagem de terceiros” que , conforme o deputado, comentava a ligação de Silas com desvios de dinheiro público. O juiz da Comarca de Lavras não entendeu o ato dessa forma e, além de Marcos Cherem, pediu a cassação de Possato. Também determinou a inelegibilidade de ambos por oito anos - pena que também atingiu Maria Aparecida, que nunca disputou cargo público.
Possato é o mesmo que, junto com mais um vereador de Lavras, foi nomeado este ano assessor no gabinete do deputado Fábio Cherem, na Assembléia Legislativa, em Belo Horizonte.
Mais Quatro ações
Marcos Cherem enfrenta também mais outras quatro ações na Justiça Eleitoral pedindo a cassação do mandato de prefeito de Lavras. Uma das ações aguarda sentença em primeira instância, na qual é acusado de compra de votos. Outras duas tramitam no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), relativas a abuso do poder econômico, por veiculação de matérias publicitárias em jornais de Lavras, pagas pela Construtora Cherem, e uso de outdoors durante o período eleitoral – conduta vetada pela legsilação eleitoral. No Tribunal Regional Eleitoral (TRE) tramita uma outra ação que acusa o prefeito de uso indevido da mídia local para ofender o adversário, no caso Silas Pereira, com “matérias caluniosas”. O deputado Fábio Cherem rebate sobre a lisura de todas as ações com um questionamento. “Nenhuma dela foi proposta pelo Ministério Público. Tudo isso não passa de vingança dos derrotados, que não ganharam no voto e querem agora ganhar no tapetão”.