Jornal Estado de Minas

Brincadeira de prefeito do Rio cria torcida para que ele morra

Em entrevista, Eduardo Paes (PMDB) afirmou que se a Argentina vencer o Brasil na final ele se mataria

Agência Estado
- Foto: Tânia Rêgo/ABr Dá para lotar o novo Maracanã - são mais de 9 mil confirmados, 74 mil convidados. É esse o tamanho da "Torcida carioca pela Argentina - campeã mundial em 2014". O evento foi criado no Facebook depois que o prefeito Eduardo Paes (PMDB) prometeu suicidar-se caso o Brasil perca a Copa para a seleção argentina. "Se a Argentina vencer o Brasil, na final, eu vou me matar. Eles têm Messi e o papa. Não podem ter tudo", brincou o prefeito, em entrevista ao jornal britânico The Guardian.
A declaração soou como piada pronta. O operador de áudio Diedro Barros, de 29 anos, criou o evento, que logo ganhou adesões. Além de conclamar os cariocas a torcerem pela Argentina, ele propõe o pagamento da "mala branca" para "os hermanos" caso vençam a Copa. No jargão esportivo, mala branca é a propina oferecida por um time, interessado na vitória de outro.

Os internautas entraram na brincadeira. Uma programadora visual propôs enquete sobre como o prefeito deve se matar. "Argentina campeã! E vc decide como ele deve se matar!!!! Afinal, isso é uma democracia!!!!", escreveu. Entre as opções, a que ganhou mais votos foi a que propõe que o prefeito passe um mês andando de ônibus, pagando a nova tarifa, e depois entre "acidentalmente" na Vila do João, favela no Complexo da Maré. Diedro pergunta como cada internauta vai contribuir com a "mala branca". Quase 300 pessoas optaram por "doarei armas para o prefeito cumprir a promessa".

Deslize

O operador não esperava tamanha reação. Insatisfeito com o mandato de Paes, ele criou o evento e convidou 100 amigos. Em 48 horas, descobriu que tinha recebido 8,5 mil adesões, e outras 72 mil pessoas estavam convidadas.

"O Rio de Janeiro se tornou um canteiro de obras para servir turistas na Olimpíada e na Copa. A prefeitura não está nem um pouco preocupada com o povo: as pessoas são removidas das suas casas, a passagem de ônibus fica cara e não vemos investimento verdadeiro em saúde e educação", disse Diedro, ao Grupo Estado.

Ele ressalta que não quer a morte do prefeito. "A gente aproveita qualquer deslize dele para protestar. Ele fez a brincadeira e reagimos com bom humor", explicou.