Jornal Estado de Minas

Ex-prefeito de Pirapora é acusado pelo Ministério Público de mais desvios de verbas

Além do político, outros três servidores da prefeitura e o Posto São Francisco de Pirapora Ltda foram denunciados

Maria Clara Prates
Warmillon é acusado de desvio de verba pública com compra fraudada de gasolina - Foto: Beto Novaes/EM/D.A Press
O ex-prefeito de Pirapora Warmillon Fonseca Braga, que coleciona ações de improbidade administrativa, foi denunciado mais uma vez pelo Ministério Público. Agora, por desvio de verba pública com compra fraudada de gasolina. Além do político, outros três servidores da prefeitura e o Posto São Francisco de Pirapora Ltda., que venceu os pregões para fornecimento do produto, foram denunciados. De acordo com a ação, os recursos do caixa do Executivo foram usados para abastecer 17 carros particulares, sendo que alguns proprietários dos veículos não moram em Pirapora e pelo menos um deles é dono de uma carretinha, sem tanque de combustível. E não fica nisso. Um único carro, um Fiat doblô, com tanque com capacidade de 60 litros, teria sido abastecido com 850 litros de gasolina num único dia.
De acordo com a ação, a investigação sobre a fraude na compra de combustível – que consumiu mais de R$ 2 milhões de recursos públicos nos anos de 2010 e 2011 – teve início numa auditoria do Tribunal de Contas nas finanças da prefeitura. Foi com a análise das notas fiscais emitidas pelo posto que os auditores tiveram conhecimento das fraudes. Em seu relatório, encaminhado ao MP, o TCE cita o exemplo do Fiat doblô e sustenta “que em 9 de maio de 2011, levando em consideração uma distância de 10 quilômetros percorrida com um litro de gasolina, o veículo teria percorrido 8,5 mil quilômetros num dia. Se considerarmos a velocidade média de 100 km/h, conclui-se que para consumir o montante de combustível autorizados pela servidora da Secretaria de Saúde, Nélia Amanda Neta Vieira, o veículo teria que rodar por 85 horas ininterruptas”.

Carretinha


Além da análise das notas fiscais, o MP identificou e ouviu parte dos proprietários dos veículos particulares que teriam sido beneficiados. Pelo menos dois deles, Sônia Maria Magalhães Oliveira e Welington de Oliveira, não souberam explicar a existência de requisições de abastecimento em nome deles. Os depoimentos das testemunhas Marlene Moreira de Morais, Nilton Figueiredo de Souza, Ademirson Moreira Faria, Cícero de Mendonça Moreira Júnior e Nei Fernando Tedesco também confirmaram a fraude. Eles afirmaram que, além de não morarem em Pirapora, não têm qualquer negócio na cidade e nunca foram beneficiários. E foi Cícero que trouxe o detalhe mais curioso. Disse que a placa registrada na nota fiscal, na verdade, é de uma carretinha, que não tem tanque de gasolina.