As manifestações contra o aumento das passagens de ônibus precisam ser marcadas por uma cultura de paz e o Estado precisa se preparar para recebê-las sem gana "repressora", como aconteceu em São Paulo. A avaliação é da ex-senadora Marina Silva. "Em São Paulo, a manifestação começou com as pessoas com um espírito de levar sua posição e até mesmo de confraternização umas com as outras. Obviamente, houve uma ação da polícia de impedir claramente a marcha com aquilo que as cenas falam por si mesmo", avaliou, em conversa à imprensa, neste sábado, 15.
"As manifestações precisam, cada vez mais, marcar a cultura de paz. Acho, inclusive, que estão trabalhando para que na próxima manifestação todo mundo possa comparecer vestido de branco exatamente para mostrar que as pessoas que estão ali querem uma manifestação pacífica, numa democracia legítima", observou Marina.
Segundo ela, os cidadãos têm direito de se expressar politicamente desde que sem nenhum ato de desrespeito às instituições e ao direito das pessoas que não queiram participar do movimento. As manifestações que aconteceram ao longo desta semana, em São Paulo e outras regiões, são autorais e, portanto, a resposta do Estado tem de ser, na opinião de Marina, para o conjunto do movimento de forma clara e objetiva conforme sua demanda inicial.
Porém, a ex-senadora destaca que além desses movimentos há uma demanda da sociedade, que deseja participar mais e se reconectar à potência transformadora do ato político. "Cada vez mais as pessoas se sentem no lugar de meros espectadores da política. Há uma insatisfação de latência com a situação de impotência para transformar as coisas que precisam ser transformadas. As pessoas estão dizendo isso", atentou Marina.
Sobre a avaliação de alguns analistas de existir uma relação dos movimentos com a situação econômica do País, com aumento da inflação, valorização do dólar e baixo crescimento, Marina disse que é difícil estabelecer uma única razão para as manifestações. A ex-senadora participou na manhã deste sábado, 15, de evento que marcou o alcance da marca de 500 mil assinaturas coletadas para a criação do partido Rede Sustentabilidade, que pretende fundar.