O ministro chefe da Secretaria Geral da Presidência da República Gilberto Carvalho, avaliou nesta terça-feira, durante audiência pública na Comissão de Meio Ambiente e Fiscalização e Controle do Senado, que as pequenas marchas realizadas no País em 2010 e 2011 contra a corrupção se fortaleceram. "Há uma busca clara pela ética. Isso veio para ficar", afirmou.
Ele relatou que, numa conversa que teve com um estudante que fazia manifestação na porta do estádio Mané Garrincha, no último sábado (15), o jovem lhe perguntou quanto custava a "mansão em que ele morava". O ministro respondeu que morava num apartamento funcional. "É preciso ter coragem para abrir um debate franco e honesto", afirmou.
Durante a sessão da comissão do Senado, dirigindo-se ao senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), que atuou na resistência ao regime militar nos anos 60 e 70, Carvalho disse que a atual geração de manifestantes tem novas demandas. "Nem no nosso tempo senador Aloysio, conseguimos colocar 100 mil pessoas nas ruas em poucas horas. Eles, os jovens, dizem que a gente usa o repertório do século passado para dialogar e não entendemos o que está acontecendo. Nós estávamos acostumados com carro de som e lideranças para negociar e eles agora não têm carro de som e nem um comando."
O senador Aloysio Nunes interveio e disse que "naquele tempo, não era tão bom assim" e que o País hoje vive um período de democracia, demonstrando sua insatisfação com o excesso de violência. Gilberto Carvalho então concordou e disse que as autoridades públicas não podem tolerar a perturbação da ordem e invasões de órgãos públicos.
O ministro também foi questionado pelo senador Agripino Maia (DEM-RN) sobre se a agenda do governo não estava desligada das demandas da sociedade. Em sua fala, o ministro disse que a sociedade brasileira superou obstáculos nos últimos anos, como a pobreza e a falta de emprego. Ele disse que hoje ainda há outros problemas nas áreas de transporte e saúde. Nesse momento, ele ainda relatou que os manifestantes reclamaram que o governo gastou R$ 1,6 bilhão para construir o estádio Mané Garrincha em Brasília e que o Hospital Regional da Asa Norte, há poucos quilômetros da arena, tem um "monte de problemas". "Estaremos na contramão da história se não estivermos sensíveis a essas demandas", disse Carvalho.