Felipe Canêdo
Deputados da Comissão de Legislação Participativa (CLP) da Câmara propuseram nessa quinta-feira a criação de uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) para investigar os crimes contra povos indígenas descritos no Relatório Figueiredo. A proposta, que partiu da deputada Janete Capiberibe (PSB-AM), ganhou o apoio do presidente da CLP, Lincoln Portela (PSB-MG), do deputado Domingos Dutra (PT-MA) e de diversas lideranças indígenas presentes na reunião. O deputado maranhense foi além e sugeriu uma CPI que investigue não só o relatório, mas também toda a grilagem de terras no país. “CPI do Relatório Figueiredo já”, disse Portella no final da reunião do Grupo de Trabalho de Questões da Terra Indígena.
“Precisamos tornar público esse relatório que narra uma página importante da história do nosso país que não pode mais ser obscurecida”, disse Janete Capiberibe, assumindo o compromisso de publicar na internet todas as mais de 7 mil páginas do documento. Ela destacou a necessidade pela derrubada da PEC 215, que transfere a prerrogativa de demarcar terras indígenas ao Legislativo, e disse: “Só assim ficaremos tranquilos.” O deputado Domingos Dutra propôs a criação de um grupo de trabalho da assessoria da Câmara para estudar o Relatório Figueiredo.
KAYAPÓS
Vinte e dois kayapós (20 adultos e duas crianças) foram acompanhar a audiência pública, mas a segurança da Câmara barrou metade deles e exigiu que se revezassem para assistir ao evento. A justificativa apresentada foi a previsão de que 50 mil pessoas iriam realizar um protesto à tarde que se encaminharia ao Congresso, e que a Câmara seria fechada às 14h. Dez índios entraram primeiro e 10 ficaram do lado de fora, mas lideranças indígenas de outras etnias presentes protestaram com o apoio do diretor do Cimi, Cléber Buzatto, e de outros militantes presentes. O deputado Domingos Dutra propôs então que a audiência fosse encerrada e remarcada e houve um momento de tensão e gritaria. Os deputados Sarney Filho (PV-AM), Chico Alencar (PSOL-RJ), Lincoln Portela e Domingos Dutra participaram de longa negociação com o corpo técnico da Casa, que finalmente cedeu. Mesmo assim, Portella propôs que nova audiência fosse marcada para agosto para tornar a discutir o tema com as lideranças indígenas.