Jornal Estado de Minas

Um discurso e muitas reações

Pronunciamento da presidente é recebido com otimismo e desconfiança em BH

Felipe Canêdo Landercy Hemerson

O aguardado pronunciamento da presidente Dilma Rousseff (PT) provocou reações variadas em moradores de Belo Horizonte, que há uma semana, assim como outras capitais, vem sendo palco de manifestações. Em um bar na Zona Sul de Belo Horizonte, frequentadores pararam por alguns minutos a conversa de sexta-feira à noite para ouvir a presidente falar. O gerente do estabelecimento aumentou o volume da televisão e teve até quem levou fone de ouvido e assistiu ao discurso de Dilma no celular.

O funcionário público Guilherme Meirelles Filho, de 59 anos, se virou de costas para os amigos e se concentrou no seu celular: “Acho que ela foi inteligente, mas acho que ela tem uma visão muito teórica do que está acontecendo. O que ela fez foi justificar a falta de ação do governo, que existe há muito tempo”. Guilherme, que tem uma postura crítica em relação ao governo, contou que seu filho saiu de casa de cara pintada e participou de uma das manifestações, mas disse que não o repreendeu por isso.

Marco Polo, de 61 anos, também funcionário público, assistia ao pronunciamento sozinho e afirmou que a presidente está sem credibilidade. “O Lula deixou muitos problemas para a Dilma. Ela tinha que se pronunciar depois do que aconteceu nos últimos dias. Acho que ela demorou para fazê-lo”, comentou. Os garçons também pararam o serviço e ouviram atentos o que falava a presidente. Numa mesa, amigos se organizaram exclusivamente para ouvi-la e sentaram em frente ao telão. No final do anúncio presidencial o assunto em todas as mesas era um só: política.

A política não ficou apenas no bar e foi para as ruas da cidade. Na Praça Sete, local que se tornou símbolo das manifestações na cidade, as pessoas que circulavam por lá também repercutiam o pronunciamento da presidente. A bióloga Renata Cristina Brito, de 25 anos, considerou importante a presidente ter feito o discurso. “Ela estava ausente e calada diante de toda a manifestação”, avalia a bióloga. Porém, Renata é crítica e entende que nada vai adiantar se não houver um mecanismo eficiente para fiscalizar os governos estaduais e cobrar a melhoria dos serviços.

Já o estudante de direito Pedro Henrique, de 20 anos, não deu crédito para a presidente. “Ela precisa de ações concretas para melhorar os serviços públicos. “Sou desconfiado e acho que esse pronunciamento foi apenas uma maneira de colocar fim às manifestações”, afirma o estudante.

O taxista Cristiano Valério, de 39 anos, pensa diferente. Ele gostou das palavras da presidente e acredita que quando tudo que foi prometido for cumprido a sociedade terá benefícios. “Isso tudo prova que as manifestações tiveram uma importância positiva”, acredita. O taxista entende que a manifestação da população foi essencial para despertar os governantes.