e Leandro Kleber
O uso das fotos e filmagens feitas em protestos com depredação no país tem sido a estratégia dos órgãos de segurança para punir os vândalos e tentar coibir cenas lamentáveis, como as registradas ontem em Belo Horizonte.
Na casa de Cláudio, a polícia encontrou as roupas que ele usava no dia do protesto: camiseta laranja e bermuda estampada. Como não houve flagrante do ato, ele foi intimado a comparecer na 5ª Delegacia de Polícia (Setor Central) e acabou liberado. Responderá ao processo em liberdade. Em depoimento, Cláudio garantiu estar arrependido e diz ter agido sozinho. Essa pode ser uma estratégia para se livrar da acusação de formação de quadrilha. Como o ato de vandalismo praticado por Cláudio Ribeiro se deu contra o Itamaraty, o inquérito será encaminhado à Polícia Federal. O diretor-geral da Polícia Civil, Jorge Xavier, revelou que Cláudio está em prisão domiciliar. Ele tem duas condenações por furto e passagens na polícia por lesão corporal, injúria, ameaça e invasão de domicílio.
Outros seis homens suspeitos de depredar vários prédios públicos da Esplanada dos Ministérios já foram identificados e também devem ser chamados a prestar esclarecimentos nos próximos dias. Eles responderão pelo crime de dano ao patrimônio. Se ficar comprovado que se reuniram para a desordem, podem ser indiciados ainda por formação de quadrilha. A pena chega a três anos de cadeia.
ESPIÃO
Além das imagens gravadas pela própria PM, a investigação conta com cenas registradas por um avião não tripulado (drone) que sobrevoou a Esplanada durante o protesto de quinta-feira. O aparelho é de uma empresa particular, cujo nome não foi informado pela PM, que se ofereceu para filmar as manifestações e fornecer as gravações para a polícia. A intenção da empresa é vender uma dessas aeronaves à corporação.
Para o ex-secretário nacional de Segurança Pública coronel José Vicente da Silva Filho, é preciso prender os vândalos para que a punição sirva de exemplo. “Estamos falando em dano doloso (quando o autor prevê o resultado de sua ação). É um crime. Essas pessoas precisam entender que serão punidas.” Segundo o coronel, os órgãos de inteligência do Executivo erraram ao não prever ataques do tipo. “Está muito claro que a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) falhou. Não conseguiu identificar o movimento e alertar as autoridades”.
VIGIADOS
Surpreendida pela extensão dos protestos, a Abin estruturou às pressas uma equipe para monitorar a internet, em especial as redes sociais. Facebook, Twitter e Instagram estão sendo vigiados por oficiais de inteligência. Nas cidades que sediam a Copa das Confederações, os agentes tentam classificar os objetivos dos movimentos e suas possíveis lideranças. Para o delegado aposentado da Polícia Federal Daniel Sampaio, embora não haja uma liderança aparente dos movimentos, não se pode descartar, durante as investigações, a hipótese de que haja ações orquestradas.