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Estado de Minas

Passe livre de mãos vazias após encontro com a presidente

Primeiro encontro com Dilma, em Brasília, frustra líderes do movimento que prega tarifa zero no transporte urbano


postado em 25/06/2013 06:00 / atualizado em 25/06/2013 07:11

Depois da audiência com a presidente, líderes do MPL criticaram a falta de propostas do governo para o setor (foto: Monique Renne/CB/D.A PRESS)
Depois da audiência com a presidente, líderes do MPL criticaram a falta de propostas do governo para o setor (foto: Monique Renne/CB/D.A PRESS)


O primeiro diálogo da presidente Dilma Rousseff com manifestantes terminou sem respostas concretas e muitas críticas. Os representantes do Movimento Passe Livre (MPL) que estiveram ontem no Palácio do Planalto consideraram a conversa importante, mas reclamaram do despreparo da presidente e da falta de planejamento para o setor de transportes. O ministro das Cidades, Aguinaldo Ribeiro, disse que o governo vai trabalhar para melhorar a qualidade do serviço. Declarou que o país ficou 30 anos sem investir na área, o que fez com que a falta de projetos se tornasse um dos entraves para os avanços. Logo após o discurso do ministro, a presidente anunciou medidas como a redução de impostos para beneficiar o setor.

De acordo com Caique Duques, um dos líderes do MPL no Distrito Federal, falta conhecimento para o governo tratar com o setor. “A presidente se colocou à disposição para dialogar, mas afirmou que esta é a primeira vez que ela conversa com o movimento dos transportes, o que é um absurdo. Demonstra um grave despreparo para lidar com mobilidade urbana”, criticou.

A expectativa do grupo é de que o governo tome decisões de curto e de longo prazos. O argumento é que não existe educação pública nem saúde gratuita se o transporte é pago. A declaração da presidente de reconhecer o transporte como direito social, para o grupo, sinalizou o apoio à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 90. “É a mesma coisa que afirma a PEC, e a gente vai cobrar isso”, completou Mayara Vivian, uma das líderes do movimento em São Paulo.

Enquanto não saem resultados práticos, Mayara garantiu que a luta pela tarifa zero continua. “A presidente não apresentou nenhuma medida concreta. Ela estava acuada”, disse. “Uma coisa é ter o diálogo. A gente precisa é de ação concreta”, concluiu. Na perspectiva do grupo, os investimentos do governo têm priorizado o transporte individual. “Esse é um tema que urge. Nossas cidades estão paradas por causa dos carros. Se não repensarmos a lógica do transporte, não vamos sair dessa crise, que vai acontecer em breve. Além de as cidades ficarem paradas, existem aquelas (pessoas) que não conseguem se locomover, por causa da tarifa”, pontua Leyla Saraiva, outra representante do movimento.

A agenda de protestos também não está encerrada. Nesta semana, o MPL se juntará à pauta de manifestações dos movimentos sociais de esquerda. Participaram da reunião quatro representantes do movimento em São Paulo, que vieram a convite da Presidência – que também bancou os gastos da viagem e da hospedagem –, e dois líderes do Distrito Federal.

Do lado do governo, o ministro das Cidades prometeu trabalhar por um transporte de qualidade. Ele, entretanto, esclareceu que o sistema tem um custo e a questão da gratuidade é saber como bancar o transporte público urbano. “Essa discussão se dará em outro momento”, disse. Após a reunião da presidente com prefeitos e governadores, o prefeito de Curitiba, Gustavo Fruet, comentou que a presidente deixou claro aos representantes do MPL que alguém vai pagar a conta do transporte. Se o usuário ou via algum tributo, isso tem que ficar bem claro, na opinião do prefeito.

De acordo com o ministro Ribeiro, o governo tem R$ 88,9 bilhões para investir na área. Desse montante, cerca de R$ 30 bilhões já estão contratados. Na avaliação dele, o problema da mobilidade urbana foi agravado ao longo dos anos pela falta de investimentos e de projetos de qualidade. E a redução de tarifas, se não vier acompanhada da melhoria da qualidade e, necessariamente, da redução do tempo de viagem, de pouco adiantará. “A qualidade do serviço, necessariamente, precisa melhorar.”

Oposição reage

Assim que a presidente Dilma Rousseff concluiu o discurso que propôs a criação de cinco pactos nacionais, oposição e governo voltaram ao embate. O senador e presidenciável Aécio Neves (PSDB-MG) disse que a oposição compreende os manifestantes e que Dilma frustrou a população. Logo depois, PSDB, DEM e PPS divulgaram manifesto sugerindo uma agenda política e afirmaram que a presidente “não assumiu suas responsabilidades, tangenciou os problemas e buscou desviar o foco”. No manifesto da oposição, algumas das medidas sugeridas miram diretamente o governo Dilma. Entre elas, a proposta de CPI para apurar os gastos com a Copa do Mundo, a redução pela metade no número de ministérios e a adoção de uma “política de tolerância zero” com a inflação. (Juliana Colares)


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