São Paulo - O primeiro protesto com participação do Movimento Passe Livre (MPL) após a vitória na redução nas tarifas do transporte público será na manhã desta terça-feira nas periferias de São Paulo, em atos organizados pelo Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e pelos movimentos Periferia Ativa e Resistência Urbana. Será uma marcha para manter a visibilidade das pautas dos movimentos populares de esquerda e trazer os trabalhadores para os temas.
O protesto será em três locais. Na zona sul, dois pontos foram escolhidos: na frente da Estação Capão Redondo, do Metrô, e no Largo do Campo Limpo. Na zona leste, será na Estação Guaianases, da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM). A proposta é que os atos da zona sul sigam até o Palácio dos Bandeirantes. O MTST também deve ser recebido nesta terça, 25, pela presidente Dilma Rousseff, a exemplo do que ocorreu ontem, 24, com o MPL.
Até agora, os protestos em São Paulo têm sido maiores nas regiões centrais e, após a vitória do MPL em conseguir a redução de R$ 0,20 na tarifa de ônibus, as reivindicações passaram para temas como o combate à corrupção.
Segundo o integrante da secretaria nacional do MTST José Afonso da Silva, os atos na periferia são uma tentativa de conscientizar a massa trabalhadora para os temas defendidos pelas organizações que atuam nas regiões carentes. “Nossa avaliação é que, até agora, a pauta que foi colocada está muito distante dos interesses da periferia.”
Silva afirma que a pauta foi pensada por diversos movimentos, para criar uma agenda integrada. “O entendimento é que é necessário que os movimentos sociais se organizem coletivamente, assim como os sindicatos, para trabalhar suas demandas. Uma vez que a gente consiga impor um trabalho concreto e organizado na periferia e uma ação direta dos trabalhadores, a gente consegue neutralizar a ação dos setores extremistas e antidemocráticos de direita nas manifestações.”
O estudante Caio Martins, do MPL, defende a participação do grupo no ato na periferia porque o movimento já fez diversas ações nas regiões carentes e porque lá os problemas de transporte são mais fortes. “Sempre fomos em todos os atos do MTST. A gente está junto em protestos desde 2011”, afirmou.
“O que tem de interessante nessas manifestações na periferia é você mobilizar outros seguimentos que não estavam nos atos do centro”, disse a cientista política Maria do Socorro Braga, da USP. “Essas passeatas, até aqui, foram muito da classe média e chegar nesses seguimentos aumenta a participação da população.”