São Paulo- A crise interna que a Comissão Nacional da Verdade atravessa pode desembocar na Presidência da República. Nessa segunda-feira, representantes da Comissão dos Familiares e Mortos e Desaparecidos Políticos encaminharam um pedido de audiência à presidente Dilma Rousseff. Querem apresentar a ela um pedido de reestruturação da comissão e de alteração nos seus rumos.
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Fonteles renuncia à Comissão da VerdadeInstituto vê falta de transparência na Comissão da VerdadeFalta de acordo atrasa criação da Comissão da Verdade em MinasMinistra evita comentar conclusão do caso Bolsa FamíliaPF conclui que boato do Bolsa Família foi 'espontâneo'Comissão da Verdade do Rio condena atuação da políciaNo encontro de quase duas horas, o grupo reclamou que não tem sido consultado. “Somos alijados de tudo que acontece ali”, disse à reportagem Suzana Lisboa, uma das representantes dos familiares. “A comissão ignora as pesquisas já feitas pelos ex-presos e familiares e comete erros históricos graves. Um exemplo foi a acusação que fizeram ao Centro de Informações Marinha, o Cenimar, que teria ocultado informações sobre mortes no período da ditadura. Se tivessem nos consultado, saberiam que o relatório do Cenimar foi um dos mais completos que já obtivemos, com informações sobre as mortes de 40 guerrilheiros do Araguaia.”
Os métodos de trabalho também foram criticados. Os familiares disseram que a comissão ampliou excessivamente o número de assuntos investigados e perdeu o foco. Querem que o alvo principal seja a questão dos mortos e desaparecidos.
O grupo que atua nessa área, segundo os familiares, tem poucos pesquisadores. Dias, que faz parte do grupo, ouviu as críticas e prometeu analisar possíveis falhas nos procedimentos.
Boa parte da reunião foi ocupada com críticas a integrantes da comissão. Embora não tenham dito oficialmente, os familiares vão pedir a Dilma o afastamento do jurista José Paulo Cavalcanti Filho, criticado por suas ausências.
Instalada no ano passado, com o intuito de apurar violações de direitos humanos na ditadura, a comissão tem sete membros. Atualmente, porém, conta com cinco deles, uma vez que dois pediram demissão.
Internamente eles enfrentam divergências que vão da forma de divulgação das informações e escolha de assessores à definição de temas que farão parte do relatório final.