Foi no período em que Delfim estava à frente do ministério que um grupo de empresários de São Paulo se reuniu para coletar fundos destinados a financiar a Operação Bandeirantes, organização paramilitar, que mais tarde desaguaria no DOI-Codi. Segundo relato do jornalista Elio Gaspari, autor de livros sobre o período, citado pelos vereadores da comissão, Delfim Netto sabia dessa articulação e chegou a participar de reuniões com os empresários.
Delfim negou insistentemente qualquer conhecimento da ação do grupo e chegou a manifestar dúvidas quanto à sua existência. "Eu não sei de nada disso. Vocês deveriam perguntar ao Elio Gaspari, que é um grande jornalista."
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Os integrantes da comissão criticaram o depoimento do ex-ministro. "Como é que um homem com a capacidade intelectual dele, o poder e as ligações que tinha, pode dizer que não sabia do que ocorria nos porões da ditadura?", perguntou o vereador Gilberto Natalini (PV), presidente da comissão. "Qualquer pessoa mais antenada sabia disso."
O vereador Ricardo Young (PPS) também contestou o ex-ministro. "O senhor era extremamente bem relacionado com os militares e os civis", disse ele ao ex-ministro. "Se tomarmos como verdade o que disse, vamos obscurecer a história. Eu acho que sua biografia merecia um depoimento melhor do que este que o senhor deu aqui."
Protestos
Na saída, o ex-ministro disse que considera positivas as manifestações de protesto que estão ocorrendo no País. Mas ressaltou que elas não têm relação com as que ocorriam em 1968, quando, para aumentar o poder da repressão, a ditadura recorreu ao AI-5. "Naquela época o objetivo era destruir o País."